Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2017 | Page 31

GU podendo ser necessária para estadiamento terapêutico . A RM permite a avaliação de lesões miotendinosas , condrais e labrais , assim como localizar as lesões ligamentares inerentes que comprometem a estabilidade articular . É , por isso , e sobretudo se associada a contraste intra-articular ( artro-RM ), o exame de eleição para avaliação do LGUI e da cápsula articular ântero-inferior , estruturas mais frequentemente lesionadas na instabilidade GU recidivante ( Figura 3 ). Além disso , é essencial excluir lesões associadas na medida que podem ser incluídas num tratamento cirúrgico , como as lesões do labrum superior que se estendem de anterior para posterior ( lesão SLAP ) ou a avulsão perióssea da inserção do LGUI ( lesão
16 , 20
ALPSA ).
Tratamento
O tratamento cirúrgico tem como objetivos a resolução dos episódios de luxação , a melhoria funcional e da performance desportiva , mas também a prevenção de artropatia degenerativa associada à instabilidade e aos episódios repetidos de luxação GU . 21 A indicação e opções cirúrgicas para correção da IGU são ainda alvo de debate face ao elevado número de técnicas descritas ao longo do tempo . Apesar de frequentemente se optar pelo tratamento conservador no primeiro episódio de luxação , a estabilização cirúrgica poderá estar indicada no subgrupo de doentes jovens com necessidade de retorno a uma atividade desportiva de alta competição . 21 , 22 Os procedimentos melhor descritos , maior taxa de sucesso e maior tempo de acompanhamento na literatura são as técnicas de Bankart e de Bristow- -Latarjet , classicamente realizadas por via aberta . Contudo , atualmente são realizadas preferencialmente por via artroscópica com igual taxa de sucesso cirúrgico , menor agressividade das estruturas peri-articulares , menos dor associada e melhor recuperação funcional . 23
A técnica de Bankart , também descrita na literatura como “ anatómica ”, visa a reinserção anatómica das estruturas capsuloligamentares lesionadas enquanto a técnica de
Bristow-Latarjet está preferencialmente indicada quando o risco de recorrência previsto é maior , com defeitos ósseos glenoumerais de maiores dimensões , visando a transferência da apófise coracoide e do tendão conjunto que nela se insere ( com os tendões coracobraquial e porção curta do bicípite ) para o bordo anterior da glenoide . 7 A recidiva pós-operatória pode ser antecipada através da avaliação de fatores de risco e das características das lesões associadas à IGU . O Instability Severity Index Score ( ISIS ), descrito por Pascal Boileau , tem em conta a idade , o grau e o tipo de deporto praticado , a presença de hiperlaxidão e a presença de lesões ósseas no úmero ou na glenoide . Caso o score pré- -operatório seja igual ou superior a 6 , está indicada a técnica de Bristow- -Latarjet dado a técnica de Bankart estar associada a taxas de recidiva de 70 % neste grupo de doentes . 18 Existe , no entanto , uma tendência para realização da técnica de Latarjet em atletas por estar associada a melhor e maior retorno à prática desportiva prévia , principalmente em desportos que impliquem mobilização do ombro acima da cabeça . 24 Atualmente , existe uma tendência para indicar a técnica de Bristow- -Latarjet , inclusive em valores mais baixos do score ISIS (> 3 ), porque dá uma segurança maior e uma taxa de recidiva inferior .
Conclusão
A instabilidade glenoumeral é frequente no contexto desportivo tendo um impacto importante no desempenho do atleta . O reconhecimento do episódio de luxação é mandatório devido às complicações neurovasculares e articulares possíveis . O tratamento cirúrgico é muitas vezes antecipado no atleta com alta demanda funcional por estar associado a menores taxas de recidiva .
Os autores declaram não haver conflitos de interesse ou económicos .
Correspondência para : Nuno Sevivas Serviço de Ortopedia e Traumatologia – Hospital de Braga Sete Fontes , São Victor ; 4710-423 Braga
Bibliografia em : www . revdesportiva . pt ( A Revista Online )
O programa geral
Sete sessões temáticas 1 . LCA : o que há de novo ? 2 . LPFM : o que há de novo ? 3 . Tornozelo : conceitos atuais . Instabilidades e lesões condrais do tornozelo 4 . Ombro : conceitos atuais 5 . Osteoartrose e lesão meniscal 6 . Traumatologia desportiva : especificidades e dificuldades 7 . Anca : conflito femoroacetabular
Três conferências 1 . Reconstrução capsular superior –
Prof . Doutor Stefan Greiner
2 . O que eu aprendi nas últimas duas décadas de LCA . O que fiz ? O que abandonei ? O que voltei a fazer ? – Prof . Doutor João Espregueira-Mendes
3 . Desporto e gonartrose precoce : o papel do desporto na etiologia , progressão e tratamento na gonartrose – Prof . Doutor Jacques Menetrey
Três cross-fires
1 . Primeiro episódio de luxação do ombro : Tx cirúrgico vs . Conservador
2 . Tratamento cirúrgico da recidiva luxação recorrente do ombro : Aberto vs . Artroscopia
3 . Luxação acromioclavicular grau III . Tx cirúrgico vs . Tx conservador
Três sessões de comunicações : uma selecionada e duas livres
Duas sessões específicas : para enfermeiros e para fisioterapeutas
Painel do Futebol : apoio médico ; lesão ; final de carreira . A visão do atleta , do médico , do treinador , do dirigente desportivo e da tutela
Três cerimónias 1 . Cerimónia de Abertura 2 . Cerimónia de Homenagem da SPAT e entrega de prémios para melhor comunicação e poster 3 . Cerimónia de Encerramento
Assembleia geral ordinária da SPAT ( 30 / 11 – 18:00 )
Inscrições online : www . eventos . bayer . pt
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