Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2017 | Page 26

um anormal microambiente infla- matório. 3 As citocinas pró-inflama- tórias mais influentes no processo patofisiológico da OA são a inter- leucina (IL)-1b, fator alfa de necrose tumoral (TNF-a) e IL-6, aumentando a expressão de genes catabólicos e pró-inflamatórios e alterando secun- dariamente a estrutura e função da matriz. Subsequentemente, estas citocinas intensificam e mantêm a doença ativa pela indução da pro- dução de outras citocinas inflama- tórias, nomeadamente a IL-8, IL-15, IL-17, IL-21. 4,5 Este microambiente inflamatório influencia sobrema- neira a ação de enzimas proteolíti- cas, nomeadamente metaloprotei- nases da matriz (MMP)-13 e MMP-1. Durante a degradação da cartilagem, levada a cabo por estas enzimas, são libertados vários componentes da matriz, como agrecanos, colagénio e fragmentos de fibromodulina, que per se contribuem para a manuten- ção da produção de citocinas infla- matórias. 6 Este ciclo de inflamação e destruição articular é exponenciado pelo aumento de expressão dos genes de ciclooxigenase (COX)-2 e prostaglandina E e da ação destas moléculas sobre a ativação e produ- ção adicional de MMPs. 7 O tratamento da OA não é con- sensual, apresentando abordagens farmacológicas, agentes físicos, correções cinesiológicas e biome- cânicas, injeções intra-articulares e tratamento cirúrgico. Tem-se verificado nos últimos anos uma grande evolução na exploração de procedimentos não cirúrgicos, minimamente invasivos, na abordagem da OA do joelho, de forma a diminuir o quadro álgico, otimizar a mobilidade e função com consequentes ganhos em saúde. Os tra- tamentos minimamente invasivos mais comuns são as injeções intra-articulares (IA) de fármacos, dispositivos médicos ou produtos autólogos com poten- cial regenerativo. O objetivo deste estudo, com um follow-up de 6 meses, é comparar três tipos de procedimentos minima- mente invasivos habitualmente pre- conizados no tratamento da gonar- trose, nomeadamente injeção IA de corticoesteroide (CS), ácido hialuró- nico (AH) e plasma rico em plaquetas (PRP) em relação a um placebo. Material e Métodos Uma população de 84 doentes com o diagnóstico de OA do joelho grau II/III Kelgreen-Lawrence foi distri- buída por quatro grupos distintos de 21 doentes, de acordo com a inter- venção intra-articular (IA) a realizar, nomeadamente: Grupo A (injeção IA de AH, elevado peso molecular, 4 mL, Synocrom ForteÒ), Grupo B (inje- ção IA de PRP, segundo o protocolo Prolo30KitÒ, com colheita de 5mL de sangue autólogo, centrifugação única a 320rpm durante 5 minutos, obtendo-se com 2mL de PRP pobre em leucócitos, com concentração de plaquetas 5 a 7 vezes a baseline do doente e efetuando-se a injeção IA sem ativação externa), Grupo C (injeção IA de CS, 2mL de acetato de metilprednisolona, 40 mg/mL, Depo-medrol) e Grupo P (injeção subcutânea de 2mL de Lidocaína a 2%). As medidas de outcome analisa- das foram a dor (avaliada por uma escala numérica visual (VNS) entre 0 e 10) e função (avaliada pela escala WOMAC), antes da intervenção, ao 1.º, 3.º e 6.º meses após a intervenção. O programa utilizado para fazer a análise estatística foi o IBM-SPSS. Para a comparação dos quatro momentos, foi utilizada a técnica estatística de ANOVA Medidas Repetidas. Resultados Em relação ao Grupo A, obteve- -se benefício clinica e estatistica- mente significativo (p<0.001), quer em redução de dor (VNS média), quer em otimização funcional (WOMAC médio): VNSinicial 7,29; VNS1ºmês 3,38; VNS3ºmês 3,33; VNS6ºmês 5,57; WOMACinicial 62,29; WOMAC1ºmês 28; WOMAC3ºmês 31,71; WOMAC6ºmês 43,81. No que concerne ao Grupo B, também se obteve benefício clinica e estatisticamente significativo (p<0.001): VNSinicial 7,43; VNS1ºmês 4,14; VNS3ºmês 4,24; VNS6ºmês 5,38; WOMACinicial 59,43; WOMAC1ºmês 31,71; WOMAC3ºmês 36,90; WOMAC6ºmês 44,38. O Grupo C também apresentou benefício estatisticamente signifi- cativo (p<0.001), com maior ganho clinico-funcional ao 1.º mês, que foi progressivamente diminuindo, mas que se manteve estatistica- mente significativo ao fim dos 6 meses: VNSinicial 7,48; VNS1ºmês 3,33; VNS3ºmês 5,95; VNS6ºmês 5,95; WOMACinicial 42,14; WOMAC1ºmês 25,71; WOMAC3ºmês 38,48; WOMAC6ºmês 38,48. O Grupo Placebo não demons- trou alterações estatisticamente significativas nas duas medidas de outcome analisadas: VNSinicial 7,48; VNS1ºmês 6,95; VNS3ºmês 6,95; VNS6ºmês 6,95; WOMACinicial 54,05; WOMAC1ºmês 56,43; WOMAC3ºmês 56,43; WOMAC6ºmês 56,43. Quadro extraído de: http://www.morei- rajr.com.br/revistas. asp?fase=r003&id_ materia=4766 24 Setembro 2017 www.revdesportiva.pt