O trabalho conjunto de investigadores da Faculdade de Desporto do Proto ( FADEUP ) e da Faculdade de Medicina do Porto resultou neste excelente trabalho publicado em 2016 no Journal of Sports Sciences . A liderar e a coordenar esteve o Prof . Dr . André Seabra , da FADEUP , que não se poupou a esforços para concluir uma investigação de elevada qualidade e de muita importância prática , num momento em que a obesidade infantil é preocupação social e médica . De realçar a presença do Dr . Robert Malina nesta investigação , o que atesta a sua grande qualidade . O objetivo principal do estudo foi comparar os efeitos de dois programas de exercício físico ( futebol e atividade física tradicional ) em vários parâmetros biológicos / antropométricos / funcionais / psicológicos em rapazes obesos ( 8-12 anos de idade , IMC > + 2 desvios-padrão dos valores de referência da OMS , saudáveis , sem medicação e que não estavam a participar em programas de exercício físico estruturado ou em programas de emagrecimento ). Dois grupos de rapazes ( n = 30 cada ), para além da participação nas aulas de educação física escolar ( duas vezes por semana , 45-90 minutos ), participaram em três sessões semanais , 60 a 90 minutos , de intensidade média igual a 70-80 % da frequência cardíaca máxima ( controlada por cardiofrequencímetro – Polar ®), sempre sob orientação de dois professores de educação física e coordenação do investigador principal : um grupo jogou futebol num clube local e o outro participou atividade física tradicional numa escola . O grupo de controlo ( GC ) ( n = 30 ) participou nas atividades físicas da vida diária . A atividade física e a ingestão dietética foram avaliadas antes e depois da intervenção . Nos resultados , os autores constataram que , após os seis meses de intervenção , e em relação ao grupo controlo , os dois grupos tinham menor percentagem de gordura (% gordura ), perímetro da cintura e colesterol total , e maior aptidão cardiorrespiratória , autoestima , perceção de competência física e atração para a atividade física ( diferenças com significado estatístico ). Por exemplo , em relação à % gordura , no grupo do futebol diminuiu de 34.3 ± 5.6 para 32.1 ± 5.7 , no grupo de exercício físico tradicional diminuiu de 38.3 ± 7.8 para 34.2 ± 10.1 , ao passo que no GC aumentou de 34.4 ± 7.6 para 37.5 ± 10.5 . A resistência cardiorrespiratória foi avaliada através da medição do VO 2
máx ( ml . kg −1 . min −1 ). Nos dois grupos de intervenção aumentou , respetivamente , de 44.7 ± 8.5 para 50.4 ± 5.6 ( p < 0.05 ) e de 43.1 ± 8.7 para 48.1 ± 8.4 ( p < 0.05 ), assim como no grupo de controlo de 48.6 ± 11.5 para 50.7 ± 13.9 , mas neste caso sem significado estatístico . Os autores concluíram , e transcreve-se : “ as intervenções de atividade física ao longo de seis meses influenciam positivamente vários indicadores do estado de saúde nos rapazes obesos . Os resultados sugerem que o futebol tem o potencial de ser um instrumento eficaz para a prevenção e redução da obesidade infantil e as consequências associadas ”.
Dr . Basil Ribeiro
Revista de Medicina Desportiva informa Maio 2017 · 5