Revista Crea-SP | nº 09 | Page 28

SAÚDE Mortalidade por infarto pode aumentar até 30% no inverno que, neste ano, é época de Copa do Mundo INVERNO E FUTEBOL: combinação não tão perfeita “Haja coração, amigo” pode representar mais do que o bordão uti lizado por um narrador esporti vo para expressar momentos de emoção em parti das desporti vas, em especial de futebol. O ato de torcer e as temperaturas rigorosas do inverno compõem equação perigosa: estudo do Insti tuto do Coração de São Paulo, o InCor, em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Estado de São Paulo, a Unifesp, aponta para aumento de até 30% no índice de mortalidade por infarto na estação fria que, neste ano, no Brasil, coincide com a realização do maior evento futebolísti co do planeta, a Copa do Mundo FIFA. Apesar de parecer inofensivo, torcer demanda força � sica e/ou psicológica. Em situações que envolvem agremiações esporti vas ou políti cas, torcer é capaz de provocar complicações cardíacas, como o infarto. Considerando o levantamento do InCor e da Unifesp, inverno e Copa do Mundo não formam combinação perfeita para o coração, por isso é preciso conhecer os sintomas mais comuns e os procedimentos de prevenção e de emergência para vibrar sem medo. No inverno, é comum ver a maioria das pessoas se preocupando e tomando todos os cuidados contra gripes e resfriados. Mas esse pode não ser o grande vilão dessa estação do ano. O levantamento identi fi cou que, em mais de cinco mil víti mas de infarto agudo do miocárdio, a mortalidade é até 30% maior nos meses de inverno – ou até 44% maior, se considerados apenas os pacientes com mais de 75 anos. Estudando quase 200 mil internações por insufi ciência cardíaca congesti va – quando o coração não bombeia o sangue como deveria - no município de São Paulo, pesquisadores da Unifesp observaram que o pico de ocorrências está nos meses de junho, julho e agosto. Para diminuir os números, médicos recomendam que, ao notar os primeiros sintomas, o paciente procure um pronto-socorro para atendimento imediato. Os riscos de problemas cardiovasculares aumentam no inverno porque, com a queda da temperatura, diversos hormônios que atuam sobre o sistema circulatório podem apresentar aumento de ati vidade pela simples exposição do corpo ao frio intenso. SINTOMAS DO INFARTO O infarto agudo do miocárdio – músculo do coração - pode se apresentar com manifestações clínicas consideravelmente diferentes do quadro clássico que todos conhecem, como dor intensa na face anterior do tórax e braços, náuseas, suor frio e difi culdade para respirar. Muitos quadros apresentam sintomas disti ntos e, por esse moti vo, a ati tude mais prudente, segundo os responsáveis pelo levantamento, é que todo paciente encaminhe-se imediatamente ao pronto-socorro para ser examinado como um potencial portador de infarto, até que este diagnósti co seja descartado – mediante avaliação do médico socorrista, que analisará um eletrocardiograma e até exames laboratoriais. Ao paciente que perceba manifestações clínicas diferentes, os médicos aconselham que busque um cardiologista assim que identi fi car os primeiros sintomas. Quanto mais rápido começar o tratamento médico, maior a massa de músculo de seu coração que será salva da necrose – morte de uma célula ou parte dela em um organismo vivo. No pronto-socorro, uma vez identi fi cado o infarto agudo do miocárdio, a prioridade passa a ser a desobstrução imediata da artéria coronária que está causando todo o problema. Na maior parte das vezes, o tratamento é realizado mediante um cateterismo cardíaco de emergência, que permite visualizar a artéria e desobstruí-la com rapidez e segurança, no procedimento chamado de angioplasti a primária. ◘ Com informações da assessoria “Máquina Cohn & Wolfe” e do site “Dráuzio Varella” 28 | R E V I S T A CREA-SP R E V I S T A CREA-SP | 29