SAÚDE
Mortalidade por infarto pode
aumentar até 30% no inverno que,
neste ano, é época de Copa do Mundo
INVERNO E
FUTEBOL:
combinação não tão perfeita
“Haja coração, amigo” pode representar mais do que o
bordão uti lizado por um narrador esporti vo para expressar
momentos de emoção em parti das desporti vas, em
especial de futebol. O ato de torcer e as temperaturas
rigorosas do inverno compõem equação perigosa: estudo
do Insti tuto do Coração de São Paulo, o InCor, em parceria
com pesquisadores da Universidade Federal do Estado de
São Paulo, a Unifesp, aponta para aumento de até 30% no
índice de mortalidade por infarto na estação fria que, neste
ano, no Brasil, coincide com a realização do maior evento
futebolísti co do planeta, a Copa do Mundo FIFA.
Apesar de parecer inofensivo, torcer demanda força
� sica e/ou psicológica. Em situações que envolvem
agremiações esporti vas ou políti cas, torcer é capaz
de provocar complicações cardíacas, como o infarto.
Considerando o levantamento do InCor e da Unifesp,
inverno e Copa do Mundo não formam
combinação perfeita para o coração, por isso é
preciso conhecer os sintomas mais comuns e os
procedimentos de prevenção e de emergência
para vibrar sem medo.
No inverno, é comum ver a maioria das
pessoas se preocupando e tomando todos os
cuidados contra gripes e resfriados. Mas
esse pode não ser o grande vilão
dessa estação do ano.
O levantamento identi fi cou
que, em mais de cinco
mil víti mas de infarto
agudo do miocárdio,
a mortalidade é
até 30% maior nos
meses de inverno –
ou até 44% maior,
se considerados
apenas os pacientes
com mais de 75 anos.
Estudando quase
200 mil internações
por insufi ciência cardíaca
congesti va – quando o
coração não bombeia o sangue
como deveria - no município de São
Paulo, pesquisadores da Unifesp observaram
que o pico de ocorrências está nos meses de
junho, julho e agosto. Para diminuir os números,
médicos recomendam que, ao notar os primeiros
sintomas, o paciente procure um pronto-socorro
para atendimento imediato.
Os riscos de problemas cardiovasculares
aumentam no inverno porque, com a queda da
temperatura, diversos hormônios que atuam
sobre o sistema circulatório podem apresentar
aumento de ati vidade pela simples exposição do
corpo ao frio intenso.
SINTOMAS DO INFARTO
O infarto agudo do miocárdio – músculo do
coração - pode se apresentar com manifestações
clínicas consideravelmente diferentes do quadro
clássico que todos conhecem, como dor intensa
na face anterior do tórax e braços, náuseas, suor
frio e difi culdade para respirar. Muitos quadros
apresentam sintomas disti ntos e, por esse moti vo, a
ati tude mais prudente, segundo os responsáveis pelo
levantamento, é que todo paciente encaminhe-se
imediatamente ao pronto-socorro para ser
examinado como um potencial portador de infarto,
até que este diagnósti co seja descartado – mediante
avaliação do médico socorrista, que analisará um
eletrocardiograma e até exames laboratoriais.
Ao paciente que perceba manifestações clínicas
diferentes, os médicos aconselham que busque
um cardiologista assim que identi fi car os primeiros
sintomas. Quanto mais rápido começar o tratamento
médico, maior a massa de músculo de seu coração
que será salva da necrose – morte de uma célula ou
parte dela em um organismo vivo.
No pronto-socorro, uma vez identi fi cado o infarto
agudo do miocárdio, a prioridade passa a ser a
desobstrução imediata da artéria coronária que está
causando todo o problema. Na maior parte das vezes,
o tratamento é realizado mediante um cateterismo
cardíaco de emergência, que permite visualizar a
artéria e desobstruí-la com rapidez e segurança, no
procedimento chamado de angioplasti a primária. ◘
Com informações da assessoria “Máquina Cohn & Wolfe” e do site “Dráuzio Varella”
28 |
R E V I S T A CREA-SP
R E V I S T A CREA-SP
| 29