FINANÇAS
VIVER BEM:
não gastar mais do que ganha é o segredo
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R E V I S T A CREA-SP
As aparências enganam: a única coisa
certa na vida é que neste momento
estamos vivos e, se estamos vivos,
precisamos nos programar para o
futuro. Com o passar dos anos, nosso
corpo não é o mesmo e os planos de
saúde são mais caros a partir de certa
idade, estou errada? Porém podemos
não ter os mesmos gastos que temos
na juventude. Os filhos já estão criados,
os custos de casa podem ser menores.
Tudo é uma questão de planejamento.
Não há mágica. O equilíbrio é
a chave de tudo. Conheço pessoas
que ganham muito dinheiro e vivem
endividadas tanto quanto aquelas que
ganham pouco. Que adianta ganhar 50
mil por mês e gastar 60? Essas pessoas
têm o mesmo problema que aquelas
que ganham mil e gastam dois mil.
Qual o segredo então? Gastar menos
do que ganha. Ponto. Sem mágica.
Mas aí me perguntam: e como
eu faço? Eu ganho muito pouco. Vou
dizer: todos ganham exatamente o que
merecem. Essa é a verdade e parece
muito dura. Ninguém gosta de ouvir
isso. Mas é a pura verdade. A questão
é: o que estamos fazendo para mudar
este cenário? Quem trabalha pelo
dinheiro simplesmente empobrece.
Isso é muito pequeno. Grandes mentes
trabalham por propósito. Quem
trabalha para pagar contas terá cada
vez mais contas e menos dinheiro.
Quando não há propósito qualquer
coisa serve. Inclusive gastar naquilo
que gera custo. E manter um círculo
vicioso de viver para pagar contas e
investir naquilo que gera custo.
É muito fácil reclamar. Colocar a
culpa nos outros, na empresa, na vida,
nas oportunidades, mas a questão é:
o que estamos fazendo para mudar
nosso ciclo? Quais os cursos que
estamos fazendo (há uma série de
cursos gratuitos)? Quais atividades
extras estamos fazendo para gerar
renda? Onde estamos colocando
nosso dinheiro? A ideia é primeiro
poupar para depois investir; só que
as pessoas, de uma forma geral, tem
um comportamento errado diante dos
investimentos: investem naquilo que
gera custo quanto o correto é investir
naquilo que gera renda.
Dia desses conheci um executivo
da HP fazendo UberBlack. Comecei
a conversar e a questionar o motivo
disso. Era um carro importado, custos
de IPVA, seguro, estacionamento,
combustível, etc. Fazia sentido o
compartilhamento e achei o máximo.
Ele estava fazendo exatamente
o correto. Para que ter um carro
daqueles parado? Ligava o aplicativo
na ida ao trabalho e na volta também.
O veículo tinha que se pagar. Muitas
pessoas se endividam para ter um
carro que fica a maior parte do tempo
na garagem. Isso é jogar dinheiro fora.
A classe média - de uma forma geral
- faz isso. Endivida-se para ter carro,
casa, etc. e não gera renda passiva.
De uma maneira geral, lazer é a
categoria de consumo que mais traz
gastos mensais para o brasileiro. Em
média, os gastos são compostos por
R$ 389 por mês com atividades de
entretenimento (cinema, boates, bares
e outros), R$ 223 com produtos em
geral (roupas, calçados, acessórios e
outros) e R$ 137 em serviços (telefonia
móvel, TV a cabo, plano de saúde
e outros). Os dados fazem parte de
uma pesquisa realizada pelo Serviço
de Proteção ao Crédito - SPC Brasil e
pelo portal de educação financeira
Meu Bolso Feliz, junto a 620 pessoas
maiores de 18 anos, de todas as
capitais brasileiras.
Então vamos imaginar uma
pessoa com 30 anos e que faça
esse tipo de gasto até os 50.
Estamos falando de duas décadas.
Se houvesse uma poupança nessa
proporção, estaríamos falando de
aproximadamente R$ 347 mil reais.
Muito dinheiro que poderia gerar mais
dinheiro se fosse investido naquilo
que gera renda e não custo. Mas
depende do propósito e da disposição
para mudar. Mudar dói. Faz com que
saiamos da zona de conforto. Quantos
estão dispostos a isso? Poucos. A
vontade de fazer a diferença e de fazer
diferente é a chave para o sucesso. ◘
A Chefe da Unidade de Contabilidade
Janaína Macedo Calvo é consultora
nas áreas de Contabilidade, Finanças,
Administração e Recursos Humanos
e já levou a centenas de pessoas do
Brasil e de outros países palestras e
treinamentos mostrando que é possível
ser feliz e não pagar caro por isso.
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