GENTE DA GENTE
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SÓCIO DO OLYMPICO VIAJA MAIS DE
8 MIL KM EM DUAS RODAS
Fotos: Arquivo Pessoal Willian Bonjardim
“A vida passa rápido.” Esta frase encorajou um sócio do Clube
a enfrentar uma viagem de mais de 8 mil km, em uma motoci-
cleta, para conhecer o deserto do Atacama. Confira o relato de
Willian Bonjardim e se inspire para viver um grande desafio.
É quase unanimidade no mundo das duas rodas, o interesse em,
pelo menos uma vez na vida, ir ao deserto do Atacama para co-
nhecê-lo. Seria quase como um mulçumano que almeja, uma
vez na vida, ir à Meca, a cidade sagrada do Islã.
No fim de 2018, um casal de amigos – Thiago Manduca e sua
esposa Greice –, me fez o convite para uma jornada no Chile e
de bate pronto, quase como uma resposta automática, como se
fosse um instinto de defesa, respondi que não. Que ainda não
estava preparado. Que era longe. Dentre outras desculpas que
toda pessoa medrosa e muito ocupada tem na ponta da língua
para dispensar o convite.
Mas o convite reverberou na minha cabeça e mexeu com meu
ego, pois tenho saúde, tempo e poderia reunir uns trocados e
fazer aquilo que, a princípio, considerava impossível ser trans-
formado em realidade. A reflexão me fez deixar os temores de
lado e aceitar a aventura. Convidamos mais um amigo, Sérgio
Rezende, que – adivinhe? Também rejeitou inicialmente e aca-
bou convencido em alguns dias.
Foi feito todo o planejamento, a estimativa dos custos com ali-
mentação, combustível, “hostel”, para a viagem que se esten-
deu de 3 a 16 de janeiro de 2019. Foram 14 dias de viagem:
cinco para ir, outros cinco para voltar e quatro em San Pedro de
Atacama para recarregar as energias. Quase 8.000 quilômetros,
82 horas de motor ligado sentado na moto – segundo os com-
putadores de bordo –, retas infinitas com mais de 200 quilôme-
tros, curvas de quase 180º, calor e frio intensos, ventos laterais
que quase nos tiraram da pista em pontos do deserto.
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A cada parada, dezenas de gargalhadas em “portunhol”. Pa-
recíamos crianças chegando a um parque de diversão. Atra-
vessamos três países – Paraguai, Argentina e Chile –, sem
complicações ou contratempos. E valeu cada centavo investi-
do, não houve sequer um pneu furado, nada de nível “hard” de
dificuldade, foi algo que qualquer um com um pouco de saúde,
alegria e disposição pode fazer. E é aqui que queria chegar.
Como dizia um famoso filósofo, a vida é dividida em três etapas:
na primeira, você tem tempo e saúde, mas não tem dinheiro; já
na segunda, você tem saúde e dinheiro, mas não tem tempo; e
na terceira e última, você tem tempo e dinheiro, mas a saúde
já se foi.
Até quando vai protelar seus sonhos? Até quando vai priorizar
aquilo que nem sempre lhe faz bem? Até quando vai juntar di-
nheiro e gastar tudo com remédios para tentar reparar os danos
que a busca pelo dinheiro lhe fez passar? Até quando vai rejeitar
convites pra aproveitar o dom mais importante que Deus lhe
deu, a saúde.
Sozinho, nas retas quase intermináveis dos terrenos áridos an-
dinos entre Argentina e Chile, estava lá eu ouvindo apenas o
barulho do vento no capacete, o ronco do motor em alta rotação
e meus pensamentos que transformavam aquele momento qua-
se em uma meditação, uma oração, um canal direto entre você
e Deus, sem a interrupção de qualquer agente externo. É nessas
horas que nos voltamos para nós mesmos e refletimos sobre
tudo que estamos fazendo em nossas vidas.
A vida passa rápido! Viva histórias pra contar enquanto tem saú-
de.
Willian Bonjardim, sócio do Olympico Club