Relatório da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2015 | Page 67

66 | RELATÓRIO DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA DA ALERJ | 2015
EVANGÉLICOS
O pastor Marcos Amaral , da Igreja Presbiteriana , destacou que é importante identificar os agressores não só para que eles sejam responsabilizados , mas para mostrar à sociedade de quais segmentos evangélicos partem os atos de violência . De acordo com ele , a maioria dos evangélicos não concordam com a discriminação . Em geral , os crimes de intolerância religiosa contra religiões de matriz africanas são praticados por seguidores de igrejas pentecostais e neopentecostais . “ Nós evangélicos lamentamos o que está acontecendo . Nós , evangélicos históricos , sabemos que a violência tem cara e endereço . São os segmentos pentecostais e neopentecostais , grupos televisivos que tem projeto de poder , interesses políticos e econômicos ”, afirmou .
A reverenda Lusmarina Campos Garcia , da Igreja Luterana e diretora do Conselho de Igrejas Cristãs do Rio de Janeiro , afirmou que aqueles que agridem pessoas em nome de Jesus não conhecem a verdadeira mensagem dos evangelhos . “ Ou não estudou teologia ou estudou uma teologia engessada , baseada exclusivamente nos valores ocidentais , do homem branco e proprietário , que exclui índios , negros , mulheres e pessoas de diferentes orientações sexuais . Não percebem a complexidade do divino ”, argumentou .
MUÇULMANOS
A professora Denise Bonfim , que é muçulmana , lembrou quando foi ameaçada de morte por usar o véu . “ A nossa vestimenta é a nossa identidade . Nunca imaginei sofrer intolerância em minha cidade , multicultural e multirreligiosa . Um homem numa moto passou por mim e falou que muçulmano bom é muçulmano morto . Tirei meu véu por um tempo por medo ”, contou . Os casos de discriminação no Rio de Janeiro estão crescendo devido ao agravamento dos conflitos no Oriente Médio e à violência do Estado Islâmico . As principais vítimas são as mulheres , devido ao traje .
Segundo Teresa Cosentino , à época , secretária estadual de Assistência Social e Direitos Humanos , a pasta atendeu a 532 casos de intolerância religiosa em 2014 . Na ocorrência de casos , há denúncias de preconceito com diversas religiões , mas cerca de 70 % das vítimas são seguidoras de religiões afro brasileiras .
Como encaminhamento da audiência pública sobre o tema , foi formado um grupo e trabalho para acompanhar os casos e denúncias e pensar em políticas públicas . O grupo passará a se reunir em 2016 .