Relatório da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2015 | Page 124

RELATÓRIO DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA DA ALERJ | 2015 | 123 damental e médio que devem cursar. Além disso, há uma má infraestrutura nas unidades de regime semiaberto e gargalos burocráticos de políticas públicas voltadas aos adolescentes, dentre elas, o oferecimento do bilhete do Rio Card, além de número reduzido de agentes. A partir da realização dessas duas audiências, cabe ressaltar que foram levantadas as seguintes propostas: • Projeto de Lei que concede incentivos fiscais aos Municípios que aceitem sediar Unidades de Internação. Esta medida atenderá ao Estatuto da Criança e do Adolescente e ao SINASE que exigem o cumprimento da medida socioeducativa próximo aos familiares e comunidade de origem. • Indicação Legislativa propondo envio de Plano de Cargos Carreiras e Salários dos servidores do Degase pelo Poder Executivo. • Implantação do Dossiê Criança pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) com informações de ocorrências envolvendo crianças e adolescentes. 5.7.3. O RETROCESSO DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL No ano em que se deveria comemorar o jubileu de prata do Estatuto da Criança e do Adolescente, 25 anos de existência, uma onda conservadora no Brasil culminou na aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. A PEC ainda precisa da aprovação do Senado para ser promulgada. Pela proposta aprovada, em casos de crimes de homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte e crimes hediondos, como o estupro, os jovens de 16 e 17 anos terão que cumprir a pena em estabelecimento penal separado dos menores de 16 e maiores de 18. Após completar 18 anos, eles irão para presídios comuns. A PEC da Maioridade Penal foi aprovada sob protestos de deputados contrários à mudança constitucional, visto que o texto foi alterado após ser rejeitado pelo plenário no dia anterior. Porém, após uma manobra regimental do presidente do Congresso, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o tema foi posto em nova votação e acabou aprovado. Diversos manifestantes e ativistas de defesa dos direitos humanos contrários à redução da maioridade penal foram impedidos de ocupar o plenário e as galerias do Congresso para acompanhar a votação. A resistência à PEC iniciou-se de forma criativa no Rio de Janeiro. O “Amanhecer contra a redução” surgiu como um movimento espontâneo da juventude carioca que travou uma campanha acirrada contra a redução da maioridade. O “Amanhecer” contagiou os jovens de diversos estados brasileiros que realizaram ações simultâneas de ocupação dos espaços públicos da cidade com diversas imagens simbólicas do universo juvenil. Muitas pipas coloridas enfeitaram as redes sociais, praças, ruas e o céu do Brasil com as mensagens “Voa, juventude”, “Mais escola, menos cadeia”,