Relatório da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2015 | Page 115

114 | RELATÓRIO DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA DA ALERJ | 2015 5.4. ENTREVISTA: JOSÉ DE JESUS FILHO “Não há vantagens na privatização de presídios” Arquivo pessoal José de Jesus Filho revela que a privatização dos presídios favorece a falta de transparência com relação aos custos do Estado O advogado José de Jesus Filho coordenou a pesquisa “Prisões privatizadas no Brasil em debate”, realizada pela Pastoral Carcerária e publicada em 2014. A equipe inspecionou 23 unidades prisionais privatizadas em todo o país. Os pesquisadores observaram que a privatização não melhorou as péssimas condições do sistema penitenciário brasileiro. Em algumas unidades, os problemas foram agravados. O paranaense José de Jesus Filho ingressou na Pastoral Carcerária em dezembro de 2000, aos 26 anos. Ele participou das atividades da entidade até 2014, quando passou a atuar como voluntário do grupo. Nesta entrevista ele apresenta as principais conclusões da pesquisa. CDDHC: A Pastoral Carcerária inspecionou oito dos 23 estabelecimentos prisionais privatizados no Brasil. A entidade recomendou aos seis Estados visitados que retomem a gestão das penitenciárias. Por que privatizar o sistema não é solução? José Jesus Filho: A lógica da privatização é a maximização dos lucros e redução dos custos. O que nós temos assistido nesse processo de privatização é a baixa qualidade dos serviços de custódia, o confinamento excessivo dos presos e a restrição a direitos. CDDHC: Um argumento muito forte em defesa da privatização é a redução dos custos para o Estado. Entretanto, no modelo de gestão privada o Estado continua arcando com o financiamento. O que a Pastoral observou no quesito financeiro? José Jesus Filho: Não há vantagens na privatização. As unidades privatizadas consomem mais recursos que as públicas. Na verdade, elas retiram os recursos que antes