Relatório anual da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2014 | Page 88

pouca transparência dos processos em curso; • Ausência de diálogo e transparência com as famílias de desaparecidos; • Falta de assistência social e saúde aos atingidos; • Vulnerabilidade social e jurídica quanto à garantia do direito à moradia para atingidos; • Precariedade do sistema de alerta por parte da defesa civil; • Falta de uma política de recuperação plena e efetiva das escolas municipais e estaduais; • Remoções forçadas de territórios em decorrência do mapeamento do risco. • Fraudes em licitações e outros tipos de corrupção pós-tragédia foram evidentes, promovendo “dança das cadeiras” nas prefeituras. Os investimentos realizados, segundo material apresentado pelo MPF na audiência pública realizada em maio pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e da Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, não se reverteram em benefícios concretos para a população mais atingida pelas chuvas e vulnerável a novos eventos. O “Mapa de Ameaças Naturais” lançado em julho de 2014, produzido pela Defesa Civil do Estado, aponta que 3.000 famílias estão vivendo em áreas sujeitas a deslizamento. O planejamento mínimo por parte das prefeituras e a atuação responsável do Estado seriam fundamentais para que os recursos, de fato, se revertessem em benefícios reais para a Região Serrana. Infelizmente, ainda não podemos tirar essa conclusão. É evidente que as prefeituras e governo do Estado têm sido negligentes quanto à garantia do direito à moradia adequada aos atingidos, que não deve ser apenas um teto, mas a qualidade de vida efetiva das famílias. A segurança da posse, a permanência em local seguro e amparado por sistemas de alerta, além de assistência social, proximidade aos serviços urbanos mais essenciais e acesso à infraestrutura adequada devem estar nas preocupações das prefeituras e do governo do Estado. A morosidade só posterga e radicaliza os problemas enfrentados pelas inúmeras famílias da região. 87