Relatório anual da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2014 | Page 68

3.2. Principais denúncias do sistema penitenciário do Estado do Rio de Janeiro A opção pelo crescente encarceramento, com ênfase em jovens negros e por crimes associados às drogas ilícitas, o crescimento do déficit de vagas nas unidades do Estado do Rio de Janeiro, a banalização das prisões provisórias, como analisado, apontam para as razões do permanente número de denú ncias do sistema de privação de liberdade do Estado. O amadurecimento da atuação do Comitê e Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura no Estado deve servir para aprofundar o debate e avançar as práticas da política prisional. Para tal, iniciado um novo ciclo governamental a partir de 2015, além do esforço de repensar a política prisional e política de segurança, torna-se criterioso que as iniciativas propostas perpassem os órgãos do Executivo e tragam junto o Judiciário e o Ministério Público, já que as soluções até aqui propostas, como a lei de cautelares, vêm fracassando em seu potencial justamente quanto à sua aplicação, já que as mudanças não foram incorporadas na rotina dos promotores de justiça e Varas Criminais. Vale observar também que os crescentes encarceramentos que apontamos nesse relatório, junto com os índices de segurança, ajudam a definir uma sensação de insegurança da população em geral o que também gera uma consequência direta na composição da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e do Congresso Nacional. Pelo menos cinco candidatos eleitos a Deputado Estadual são profis­ionais da área s de segurança, como policiais militares da reserva e delegados de polícia, além daqueles que defendem a bandeira do endurecimen- to penal, o que se repete nos representantes do Congresso. A presença de parlamentares com vivência na área da segurança pública deveria contribuir na produção de políticas capazes de promover mudanças políticas e multiplicar as formas de encarar o sistema penal, contudo, quando há contribuição, ainda é reduzida. A seguir apresentamos as principais denúncias que envolvem o sistema penitenciário do Estado e, de maneira complementar, o artigo do Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro apresenta a problemática envolvendo o sistema socioeducativo ao longo de 2014. Abusos e violência no transporte dos presos: atuação do SOE-SEAP Diante de inúmeras denúncias ao longo dos últimos anos, a CDDHC realizou no dia 13 de maio de 2014, audiência pública com “A gestão do Serviço de Operações Especiais (SOE) da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (SEAP)”. Com a presença de representantes do Ministério Público, Defensoria Pública, SEAP, sociedade civil e o Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (MEPCT/RJ) foram apresentados inúmeros casos e problemáticas ocorridas durante o transporte dos presos no Estado, seja no encaminhamento para atendimento médico-hospitalar, seja para o comparecimento em audiências nas Varas Penais. O MEPCT/RJ ressaltou que desde julho de 2011, em sua primeira visita ao sistema prisional, até o dia 9 de maio de 2014, o ór67