Relatório anual da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2014 | Page 42
tos com o objetivo de limitar seus poderes
e perigos, essa produção é controlada, selecionada, organizada e redistribuída. Desse
modo, em nossa sociedade, há mecanismos
de exclusão que se revelam na interdição
do direito de dizer tudo. É descabido falar
sobre tudo, mas esse direito é facultado
a alguns privilegiados, os sujeitos de fala.
Na contramão daqueles que detém o monopólio dos meios de fala e/ou comunicação de massa, identificamos o funk como
uma linguagem autônoma, com base em
uma leitura ritmada, independe dos meios
tradicionais de produção, divulgação e comunicação. Mas, para além de reconhecê
-lo com cultura e linguagem, concordamos
com Adriana Lopes (2011) que o qualifica
como uma prática social historicamente situada em seu lugar de fala. O funk é cultura
e reafirmamos que a militarização da vida
comunitária tende a domesticar a autonomia cultural das favelas. O constante estado
de exceção nas favelas não pode ser naturalizado. Maré vive, pois nós Somos da Maré
e temos Direitos.
Referências
FOUCALT, Michel. A ordem do discurso:
aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad.
Laura Fraga de Almeida Sampaio. 22 ed.
São Paulo: Edições Loyola, 2012.
HALL, Stuart. Da Diáspora. Identidades e
Mediações Culturais. Org. Liv Sovic. Tradução Adelaine La Guardia Resende. Belo Horizonte. Ed. UFMG, 2003.
LOPES, Adriana de Carvalho. Funke-se
quem quiser. No batidão negro da cidade
carioca.1.ed. Rio de Janeiro. Ed. Bom Texto:
FAPERJ, 2011.
SILVA; ROCHA, Lia de Mattos, e Itamar.
Associações de Moradores de Favelas e
seus Dirigentes: o discurso e a ação como
reversos do medo. In Justiça Global: Segurança, tráfico e milícias no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich
Böll, 2008.
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