Relatório anual da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2014 | Page 36

Arbitrariedades no Prédio da Caixa em Niterói Leon Diniz A prostituta Joice Oliveira, ao centro, denuncia agressão policial em ação no prédio da Caixa, em Niterói No dia 23 de maio, a Polícia Civil realizou uma grande operação no edifício número 327, na Avenida Amaral Peixoto, no Centro de Niterói. Os policiais interditaram os apartamentos dos quatro primeiros andares do imóvel, conhecido como Prédio da Caixa, onde prostitutas trabalhavam. A juíza Rose Marly, da 1ª Vara Criminal de Niterói, que autorizou a operação, argumentou no mandado de busca e apreensão que no local funcionaria um esquema de exploração sexual e que haveria risco de desabamento devido a problemas estruturais do edifício, apesar de a Defesa Civil municipal não ter sido acionada para confirmar a informação. As mulheres disseram que os policiais as agrediram e não apresentaram o mandado judicial. Algumas afirmaram que sofreram violência sexual. As prostituas também reclamaram que o delegado da 76ª DP (Centro) e a delegada da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) não quiseram registrar as queixas de agressão. Apesar do suposto risco de desabamento, somente os quatro primeiros andares, onde as prostitutas trabalhavam, foram interditados. Os outros sete pavimentos continuaram abertos. Com o fechamento dos apartamentos, centenas de mulheres ficaram sem ter onde morar, como a prostituta Joice Oliveira, 25 anos. CDDHC: O que ocorreu na operação policial no Prédio da Caixa? Joice: Cerca de 300 policiais tomaram o prédio, fecharam a Avenida Amaral Peixoto, entraram no prédio sem mandado e sem se identificarem. Arrombaram as portas dos privês (apartamentos onde as prostitutas trabalham) que estavam em funcionamento e levaram cerca de 300 a 400 meninas num ônibus. Fizeram sexo oral nas meninas e bagunça n os apartamentos, reviraram tudo. Eram todos policiais homens, não tinha uma policial mulher. Passaram a mão na gente. CDDHC: Como foi para registrar as agressões na delegacia? Joice: Na delegacia (76ª DP), os advogados não puderam entrar. Nos obrigaram a falar 35