Relatório anual da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2014 | Page 32
2.4. Caso Acari
Nove homens foram mortos entre 15 de
julho e 04 de agosto de 2014 na comunidade de Acari, no Rio de Janeiro, em consequência de operações da Polícia Militar.
A última morte aconteceu no dia 04 de
agosto, entre 16h e 17h, quando um homem com cerca de 3 0 anos, que era organizador de um evento local de forró, saiu
para comprar gelo e foi baleado e morto.
Moradores de Acari afirmam que após o
término da Copa do Mundo, as operações
da Polícia Militar aconteceram quase diariamente e chegaram a durar até 12 horas. As
operações foram realizadas por diferentes
unidades da Polícia Militar, tal como o 41º
Batalhão da PM, a Tropa de Choque e o Batalhão de Operações Especiais (BOPE). Em
geral, as operações aconteceram sem aviso
e em diferentes horários (de manhã cedo, à
noite ou de madrugada), e às vezes foram
lideradas por veículo blindado, o chamado
“caveirão”.
Mais de 80 moradores relataram diversos
abusos por parte da polícia. Eles alegam
que a polícia usa “chaves-mestras” para
entrar nas casas sem qualquer aviso e sem
mandados de busca, destroem pertences
dos moradores e até furtam objetos e dinheiro. Os moradores também alegam que
os policiais usam linguagem ofensiva, especialmente com as mulheres, às vezes agridem fisicamente os moradores, em diversas
ocasiões com “tapas na cara”.
O uso de armas de fogo desnecessariamente ou de forma indiscriminada durante as
operações policiais está colocando a vida
de todos os moradores em risco e tem amplo impacto sobre a comunidade. Escolas e
creches ficam fechadas durante os dias de
operação. Em diversas ocasiões, mães com
seus filhos nos braços ficaram em risco enquanto procuravam local para se abrigar,
mas sem ter lugar para ir.”
A CDDHC adotou os seguintes encaminhamentos referentes ao caso:
• Reunião junto com entidades da sociedade civil e moradores na localidade;
• Encaminhamento das denúncias para Secretaria de Segurança;
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