Relatório anual da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2014 | Page 24

Os policiais brasileiros morrem 3 vezes mais fora do serviço do que em serviço. As causas dessa estatística podem ser várias, mas fundamentalmente a questão dos “bicos” é a maior causadora de mortes. É fundamental melhorar as condições salariais para que eles tenham menos necessidades de expor suas vidas ao risco de um trabalho sem condições efetivas de segurança. É preciso considerar que a morte do policial em serviço é mais grave do que a vitimização fora dela; não pode haver aceitação natural à perda da vida de um policial. Nesse sentido, a CDDHC além de se solidarizar com os familiares tem posto sua equipe técnica à disposição dos familiares de policiais militares mortos em serviço. A CDDHC concorda que um Estado no qual se aceita naturalmente que um policial perca sua vida em razão da sua profissão está muito próximo da barbárie. É preciso acabar com o estigma que a bandeira dos direitos humanos não está a serviço também do corpo policial. Defender a desmilitarização é defender a melhoria das condições de formação e trabalho dos policiais e seus familiares. A CDDHC atuou nos seguintes casos, em ordem cronológica: 1. Morte da Policial Militar Alda Rafael Castilho Em fevereiro de 2014, a policial militar Alda Rafael Castilho, lotada na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), morreu e outras três pessoas ficaram feridas após troca de tiros na comunidade Parque Proletário, na Vila Cruzeiro, na Zona Norte do Município do Rio de Janeiro. Alda tina 27 anos e cursava faculdade de Psicologia, morava na Baixada Fluminense, em Duque de Caxias, com sua mãe, irmã e sobrinha. A CDDHC adotou os seguintes encaminhamentos referentes ao caso: • Garantiu atendimento psicológico para os familiares no posto de saúde mais próximo de sua residência; • Articulou o atendimento dos familiares no Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro; • Acompanhou os familiares no atendimento jurídico junto ao escritório de advocacia particular que assumiu o caso; 2. Morte do Policial Militar Rodrigo Paes Leme Em março de 2014, o policial militar Rodrigo Paes Leme, 33 anos, foi morto em uma operação na comunidade Nova Brasília, no Conjunto de Favelas do Alemão, após ser surpreendido por suspeitos armados. Em 30 dias foram mortos três policiais no Complexo do Alemão em confrontos armados. Rodrigo de Souza Paes Leme era Policial Militar há três anos. Ele trabalhou na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Providência e estava na UPP Nova Brasília havia quatro meses. Rodrigo tinha 9 filhos. A CDDHC adotou os seguintes encaminhamentos referentes ao caso: Atendimento presencial com a última companheira de Rodrigo. Foi oferecido assistência psicossocial, mas a mesma estava sendo acompanhada pela corporação, o que não ocorre com as demais 8 mães de seus filhos; • Foi feito contato com as mães dos filhos do soldado. Algumas mães aceitaram a intermediação da CDDHC para garantir atendimento psicológico próximo a suas residências; • Uma mãe de um dos filhos pediu revisão do seguro de vida de Rodrigo e foi encaminhada para o Núcleo de Família da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro; 3. Morte do Policial Militar José Ricardo Valença Moniz O sargento da PM José Ricardo Valença Moniz foi encontrado morto em casa, em Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro, por volta das 10h do dia 11 de julho de 2014. Segundo informações dos policiais do 14º BPM (Bangu), ele foi surpreendido por criminosos que efetuaram os disparos e fugiram do local. O policial era lotado no 2º Comando de Policiamento de Área, casado e tinha uma filha de 2 anos e 7 meses. A CDDHC adotou os seguintes encaminhamentos referentes ao caso: • Atendimento presencial aos irmãos de José Ricardo; • Solicitação da cópia e acompanhamento do inquérito. 6. Cientista político professor do Instituto de Ciências Sociais da UERJ e pesquisador do Laboratório de Análise da Violência. 23