RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA Relatório Final Desaparecimento Forçado na Democ | Page 51
Morro da Urca na madrugada do dia 14 de junho de 2008 quando seu carro caiu na beira do canal
de Marapendi.
Inicialmente indicava-se um acidente, mas aos poucos foi se delineando mais um caso de
desaparecimento forçado. O carro estava com os vidros traseiros estilhaçados, a mala aberta. Assim,
o corpo supostamente teria sido levado pelas águas. No dia seguinte, bombeiros fizeram busca com
mergulhadores em busca do corpo e/ou de algum indício. 113 Nada foi encontrado. Foi solicitado,
inclusive, informações a Marinha da Maré no dia e local.
Alguns detalhes chamavam a atenção de amigos e parentes como o fato do cinto de segurança estar
travado o que dificultaria/impediria a saída do corpo, até porque o carro não chegou sequer a ficar
submerso, ele estava posicionado bem na beirada do canal. Havia ainda uma pedra maior do que o
tamanho de uma paralelepípedo perto dos pedais. Nos dias seguintes, ao desaparecimento foram
feitas buscas com mergulhadores do corpo de bombeiros, cães farejadores e helicópteros. O
tratamento dado a busca do corpo da engenheira, apesar de infrutífero, foi digno da seriedade com
que deve ser tratado o desaparecimento de uma pessoa por suspeita de que ela tenha sido vítima
de crime praticado por agentes do Estado.
A perícia do Instituto Carlos Eboli encontrou três marcas de tiro no veículo de balas calibre 380 e 40,
usadas pela PM. Surgiram inúmeras hipóteses não comprovadas do que teria acontecido ao corpo
de Patrícia. Em uma delas, dizia-se que os PMs levaram o corpo a Favela do Terreirão e contaram
com a ajuda da milícia local para esquartejar o corpo e queimá-lo no chamado “microondas” quando
o corpo é colocado entre pneus e queimado. Outra que o corpo teria sido enterrado num sítio no
Itanhangá onde foram encontradas roupas femininas parecidas com as usadas por ela no dia Após o
exame de DNA, esta hipótese foi descartada. Até hoje seu corpo nunca foi encontrado, nem se tem
comprovação do que com ele teria ocorrido.
O Ministério Público denunciou quatro policiais pelo desaparecimento de Patrícia. A denúncia foi
modificada duas vezes. Num primeiro momento, dois réus eram acusados de homicídio e eles e
mais outros dois teriam ainda incorrido em fraude processual por terem alterado a cena do crime.
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ANEXOS XIV
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