RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 91
recebido R$ 200 mil para executar Ary Brum. O político foi morto à luz
do dia, num acesso À Linha Vermelha, em São Cristóvão. Apesar da
grande movimentação de veículos no local, os matadores escaparam sem
dificuldade. O mesmo aconteceu no assassinato do vereador Alberto
Sales (PSC) na terça-feira passada. O crime também teria sido praticado
por policiais envolvidos em pistolagem [O Globo, 28/10/08].
Além da guerra entre os grupos milicianos, das represálias pelas prisões, e das queimas
de arquivo, parte das execuções que aconteceram no primeiro semestre de 2008 e em
parte do segundo se devem, também, ao período eleitoral. Segundo um juiz eleitoral, a
violência aumenta nas áreas dominadas por milícias durante o período eleitoral, como
demonstraram os dados do ISP em relação a 2006. Nas regiões controladas por
milicianos, o período eleitoral registrou cinquenta e cinco execuções e dez encontros de
cadáveres, além de centenas de agressões e ameaças [O Globo, 02/02/07]. Exemplo
desse quadro foi a Chacina de Campo Grande, quando sete trabalhadores foram
executados por milicianos. Segundo investigações, a chacina tinha o objetivo de
intimidar os locais, propagando a sensação de que, sem os representantes da milícia
eleitos, a segurança da região se tornaria inviável.
A chacina, de acordo com Marcus Neves, aconteceu porque milicianos
queriam criar na comunidade uma ideia de que esse grupo é
imprescindível para manter a paz no local e, assim eleger seus
candidatos. A milícia Liga da Justiça já teve 47 integrantes identificados
pela polícia e 30 deles trabalham em forças de segurança: são 22 PMs,
quatro policiais civis, dois agentes penitenciários, um militar das Forças
Armadas e um bombeiro [O Globo, 22/08/08].