RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 78
Nesse período, o capitão Ronald, da chacina da Viashow, era subordinado do tenente-
coronel Álvaro, do muro da vergonha.
Pax miliciana
No final de março de 2005, alguns policiais militares lotados no 15º BPM estavam
insatisfeitos com seu comandante. O coronel Paulo César Lopes, segundo consta, vinha
punindo com severidade seus homens em Caxias. Recentemente o coronel havia
prendido sessenta policiais por desvio de conduta. No início de março, flagrou dois
policiais “depenando” um caminhão e os prendeu. Na noite do dia 30 desse mesmo mês,
oito policiais do 15º BPM decidiram fazer uma represália ao comandante. Dividiram-se
em dois veículos da corporação e mataram a facadas dois homens. Os policiais
degolaram os corpos, os colocaram em um dos carros e se dirigiram até os fundos do
15º batalhão. Da rua, atiraram uma das cabeças degoladas no pátio do batalhão,
lançando-a por cima do muro. Na sequência abandonaram os cadáveres na calçada da
Av. Jorge Vieira de Medeiros. O crime foi gravado em fita e os policiais foram presos.
No dia seguinte à prisão dos policiais no batalhão de Caxias, trinta pessoas foram
assassinadas na Baixada Fluminense na maior chacina da história do estado. Em
protesto contra a detenção dos companheiros que degolaram duas pessoas e atiraram a
cabeça de uma delas no pátio do seu próprio batalhão, os policiais Marcos Siqueira
Costa, José Augusto Moreira Felipe, Carlos Jorge Carvalho e Júlio César Amaral de
Paula, depois de algumas horas bebendo em um bar no centro de Nova Iguaçu, entraram
em um carro que seguiu para o bairro da Posse. Segundo as investigações, a ação do
grupo começou por volta das 20:30, quando assassinaram Rafael da Silva Couto, 17; e
seu amigo William Pereira dos Santos – que voltavam do trabalho de bicicleta. Mais
adiante, atiraram em Luiz Carlos da Silva, 23; e José Carlos de Oliveira, 39. Os policiais
voltaram à Via Dutra e mataram Alessandro Moura Vieira, 15. Seguiram dirigindo até
chegarem a um bar, onde dispararam contra os dez pessoas, das quais nove morreram: a
comerciante Elizabeth Soares Oliveira, 43; Felipe Carlos Soares de Oliveira, 13; e
Bruno da Silva Souza, 15; Jonas de Lima Silva, 15; o funcionário público Robson
Albino, 25; Manoel Domingos Lima Pereira, 53; Jaílton Vieira, 27; o segurança José
Augusto Pereira da Silva, 38; Calupe Florindo Ferreira, 64; Douglas Brasil de Paula, 14;