RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 77

em diferentes automóveis e partiram para uma fazenda abandonada conhecida por Parada Morambi, em Duque de Caxias. No caminho, o capitão Ronald telefonou para os soldados Gilberto Ferreira de Paiva e Luiz Carlos de Almeida, que tiravam serviço na DPO de Parada Angélica, tendo sido acompanhado pelos mesmos até a referida fazenda. Na fazenda, os meninos foram torturados até serem finalmente mortos com tiros de fuzil na cabeça. Seus corpos só foram encontrados dois dias depois, jogados em poço. Os policiais foram presos, mas alguns meses depois, em 20 de abril, foram beneficiados com um habeas corpus, postos em liberdade e voltaram a trabalhar. O capitão Ronald, único oficial a participar da chacina, foi transferido para o 22º BPM. O Batalhão de Benfica, que depois foi transferido para a Maré, desde 2003 se encontrava sob o comando do tenente-coronel Álvaro Rodrigues Garcia. Em abril de 1997, o então major Álvaro Rodrigues Garcia foi flagrado por um cinegrafista amador comandando uma sessão de espancamento de moradores da Cidade de Deus no episódio que ficou conhecido como “muro da vergonha”. Álvaro chegou a ficar preso por dez dias, mas depois voltou a trabalhar, até ser promovido a tenente-coronel. No dia de sua nomeação para o comando do 22º BPM de Benfica, o jornal O Globo [12/05/03] publicou a seguinte nota: Antes do episódio do “muro da vergonha”, pelo menos dez pessoas morreram em operações comandadas pelo então major Álvaro Rodrigues Garcia. Mas, dos seis inquéritos instaurados à época para apurar essas mortes, nenhum virou processo, todos foram arquivados por falta de provas. Nos depoimentos, Álvaro justificava que as mortes ocorreram durante troca de tiros com traficantes. No final de junho de 2003, o 22º BPM se encontrava sob forte suspeição de envolvimento com o tráfico. À época estimava-se que pelo menos metade dos seus integrantes tinham envolvimento com as facções criminosas da região [O Globo, 22/06/03]. Em setembro de 2004, o 22º BPM salta do sexto para o segundo lugar entre os batalhões com maior índice de autos de resistência. Conforme noticiado: O levantamento mostra ainda que o 22º BPM, que há pouco mais de um ano saiu de Benfica para se instalar no complexo de favelas da Maré, já se aproxima do 9º BPM (Rocha Miranda). O batalhão da Maré saltou do sexto para o segundo lugar no ranking dos que mais matam em serviço. Segundo os números apresentados pela comissão, os policiais desse batalhão registraram 64 autos de resistência entre os meses de janeiro a julho desse ano. Três a mais que os autos registrados durante todo o ano passado [O Globo, 14/09/04].