RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 75

policial atingia proporções quase inverossímeis, suscitando a criação de uma corregedoria operacional que tinha como atribuição investigar especificamente esses casos. Conforme noticiado no jornal O Globo de 22 de junho: Pela primeira vez em 194 anos de fundação, o Comando Geral da PM está criando um grupo de elite que vai agir como uma corregedoria operacional para flagrar policiais que estejam cometendo crimes. O objetivo é enfrentar a corrupção policial que mancha a corporação e agrava a insegurança no estado. Em alguns casos, a relação entre magistrados e policiais ia muito além da confiança que os primeiros depositavam na honestidade dos últimos. De envolvimento com grupos de extermínio ao tráfico de armas e drogas, passando pela venda de sentenças, a participação de juízes fluminenses nos lucrativos mercados clandestinos que se propõem combater também é um fator a ser considerado no contexto do Rio de Janeiro. O juiz Francisco das Chagas Ferreira Chaves, da 3ª Vara Cível de Volta Redonda, e o sargento Carlos Alberto Cruz Silva da PM do Rio, foram detidos em Pirassununga, a 207 quilômetros da capital paulista, carregando três armas e quatro bombas de fabricação artesanal. Além disso, seus veículos estavam com os documentos de licenciamento vencidos, e o do juiz tinha o lacre rompido e a placa ilegível [O Globo, 02/07/03]. No final do mandato de Rosinha Matheus, uma investigação do Ministério Público motivada por uma comissão especial criada pelo ex-governador Anthony Garotinho sobre desvio de conduta de policiais civis ocasionou uma auditoria em 475 inquéritos policiais. Desses 475 inquéritos, 389 não tinham uma única movimentação entre 1995 e 1999. E diferente do que à época se supunha os inquéritos não se amontavam nas delegacias, mas no próprio Ministério Público. Todos os 389 sob a responsabilidade da promotora Maria Ignez Pimentel, que ocupou, entre 1995 e 2001, 17ª Promotoria de Investigação Penal [PIP]. O caso gerou a primeira ação de improbidade contra um promotor movida por seus próprios colegas. Entre os casos parados da promotora Maria Ignez encontrava-se o da Chacina de Nova Brasília, que resultou na morte de quatorze pessoas. Por conta da ausência de investigação, o governo brasileiro se tornara réu pela primeira vez na Comissão de Direitos Humanos da OEA. À época, o Procurador Geral de Justiça, José Muiños Pinheiro Filho, alegou que as acusações de omissão sobre o Ministério Público eram “genéricas e de caráter político”.