RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 64

solicitado. Evalmir cumprira pena por tráfico de drogas e, em liberdade, acredita-se que ainda mantinha envolvimento com o crime. Os policiais passaram o dia rodando pela cidade com Evalmir, enquanto faziam contato com sua mulher, que foi instruída a levar cinco armas e deixá-las no porta-malas de um carro na Ilha do governador. As armas, um fuzil, uma submetralhadora Uzi, duas pistolas 9mm e uma pistola 380, foram deixadas por um parente, que reconheceu os sequestradores como os policiais que ameaçaram a esposa de Evalmir na semana anterior. Apesar de o resgate ter sido pago como combinado, o corpo de Evalmir foi achado horas mais tarde em um automóvel na Av. Brasil [O Globo, 17/08/2001]. Depois de ter sido sequestrado e extorquido por policiais da Força-Tarefa, uma tropa de elite da Secretaria de Segurança Pública, o taxista Sérgio Luiz Couto, de 34 anos, foi executado com diversos tiros no dia em que testemunharia contra os policiais que denunciara seis meses antes. O pai do taxista apontou como mandante do crime o major da Polícia Militar Dilo Pereira Soares Júnior. O major Dilo e mais três policiais militares foram presos em flagrante na noite de 13 de julho de 2001 por detetives da Coordenadoria de Apoio e Inteligência da Polícia Civil [CINAP]. Entretanto, um mês depois teve um habeas corpus concedido pelos três desembargadores da 5ª Câmara do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e foi posto em liberdade. Por volta das 21h da noite de 18 de fevereiro de 2002, antevéspera de seu depoimento contra os policiais militares que o sequestraram, o carro de Sérgio foi abordado por dois homens na rua Ambiré Cavalcante, no Rio Comprido, que desferiram vários tiros contra ele. Em seguida colocaram seu corpo no porta-malas do carro e foram embora. No dia seguinte Sérgio foi encontrado morto, por volta das 13h, na rua Félix da Cunha, na Tijuca. Velha Polícia Com a ajuda do Poder Judiciário e do Ministério Público as polícias do Rio de Janeiro saíram vitoriosas e conseguiram manter os valores éticos e morais das corporações intactos após se verem ameaçadas pela reformulação tentada no primeiro ano do governo Garotinho. No inicio de 2002, o tenente-coronel da Polícia Militar, Sérgio Saraiva, procurou a Procuradora Celma Tavares, da Corregedoria Geral Unificada, para levar ao seu conhecimento denúncias feitas por pais de jovens cadetes da Academia Dom João VI, a