RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 51

Saulo Santos de Araújo, 25 anos, estava voltando da casa de uma prima quando foi abordado por uma equipe de policiais do 23º BPM comandada pelo cabo Paulo César Carvalhido na altura do Beco 14, na favela do Vidigal. Segundo testemunhas, o rapaz foi derrubado no chão pelos policiais antes mesmo de conseguir pegar seus documentos. Em seguida o cabo da PM lhe desferiu três tiros no ouvido. A ação rendeu a Paulo César uma premiação por bravura. Dois anos depois, foi aberta uma comissão parlamentar de inquérito na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro – a CPI da Violência – para apurar se a premiação instituída pelo Secretário de Segurança Pública Newton Cerqueira, e aprovada pelo governador Marcelo Alencar, estava estimulando a prática de execuções sumárias nas operações da polícia militar. A comissão parlamentar ouviu diversos especialistas e autoridades públicas durante seus meses de funcionamento. Um desses especialistas, o médico-legista Nelson Massini, foi convidado a examinar alguns laudos cadavéricos de casos onde aconteceram mortes em supostos confrontos entre os anos de 1993 e 1996. O de Saulo foi um deles. Segundo Massini: Para que os policiais acertassem três tiros no ouvido de Saulo, ele teria que estar imobilizado e com a cabeça encostada em algum lugar [O Globo, 22/10/97].