RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 116

Em agosto de 2018, mais uma reviravolta na elucidação do crime. Um possível envolvimento de políticos, entre eles o ex-presidente da Alerj Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do MDB, foi discutido entre delegados e procuradores a pedido do Deputado Estadual Marcelo Freixo, que se colocou publicamente disponível para depor caso esta nova linha de investigação seja considerada. Os três deputados estaduais foram presos pelo braço da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, acusados de receber propinas milionárias de empresários de ônibus no Rio de Janeiro. Após as prisões, o Deputado estadual Marcelo Freixo denunciou a hipótese do crime político estar ligado à atuação do PSOL, partido de Marielle, na ação que impediu Albertassi de assumir uma vaga no Tribunal de Contas do Estado e, assim, ganhar foro privilegiado que mudaria a competência de crimes pelos quais vinha sendo investigado. Logo depois, em novembro de 2017, Albertassi foi preso com os outros dois deputados. Dois dias antes da declaração pública de Marcelo Freixo, em agosto de 2018, o Ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, também declarou publicamente acreditar que o crime contra Marielle e Anderson envolveria agentes do estado e políticos. No início de novembro de 2018, Raul Jungmann, Ministro da defesa, solicitou à Polícia Federal que investigue denúncias de que uma organização criminosa formada por agentes públicos e milicianos estaria agindo para impedir que as autoridades cheguem aos verdadeiros mandantes e autores do crime. Para Renata Neder, diretora da Anistia Internacional, a possibilidade de que agentes do Estado estejam envolvidos no crime reforça a necessidade de que seja estabelecido com urgência um mecanismo externo e independente para monitorar as investigações dos assassinatos. Todo a desconfiança que envolve a resolução do crime de Marielle não é infundada. Não é novidade que o Brasil é um dos países mais perigosos do mundo para defensores dos Direitos Humanos do mundo. De acordo com a Anistia Internacional, até o mês de agosto de 2017, 58 defensores de direitos humanos teriam sido mortos por armas de fogo. No ano anterior, 2016, foram 66 no total, o que coloca o Brasil no rol dos países mais perigosos do mundo para ativistas dos direitos humanos. Conforme levantamento do Estadão, 194 políticos e ativistas sociais foram mortos entre 2012 e 2017 (Jornal O Estado de São Paulo, 18 de março de 2018). Esses dados se complicam quando pensados em relação com a falta de apuração de crimes nos quais existe a possibilidade