RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 114

Janeiro (BOPE) teria 11 unidades desta submetralhadora. Cinco unidades de submetralhadoras, no entanto, teriam desaparecido do arsenal da polícia civil, o que teria sido identificado em recadastramento feito ainda no ano e 2011. Nos dias que se seguiram ao crime, mais uma informação importante foi divulgada e ainda permanece em aberto: a de que a munição encontrada pertenceria ao lote UZZ-18, de propriedade da Polícia Federal. Como amplamente noticiado pela imprensa, este mesmo lote de munição teria sido utilizado numa chacina que vitimou cerca de 20 pessoas em Osasco e Barueri, no Estado de São Paulo, em agosto de 2015, e teria contado com a participação de policiais que seriam parte de um grupo de extermínio. Segundo informações oficiais do Ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, este lote teria sido desviado nos Correios na Paraíba, em 2009. No entanto, segundo os Correios, não haveria registro deste episódio. Somado a isso, há uma enorme obscuridade em torno das câmeras de segurança da prefeitura. Ao longo do trajeto percorrido por Marielle da Lapa ao Estácio, haveria cinco câmeras da Secretaria de Segurança do Município, mas todas elas foram desligadas no período entre 24 e 48 horas antes dos assassinatos. De acordo com os jornais, o contrato de manutenção das câmeras havia terminado em outubro de 2017, mas elas continuavam funcionando normalmente até serem desconectadas. Todas as imagens desses equipamentos de monitoramento são remetidas ao sistema do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) e poderiam ajudar na investigação do crime. Como se vê, todos esses fatos reforçaram as suspeitas iniciais de que o crime tenha ocorrido com participação de milicianos, grupos criminosos com participação de policiais e ex-policiais, em virtude do trabalho histórico desenvolvido por Marielle no âmbito da CPI das Milícias, que integrou como assessora do deputado Marcelo Freixo. Essas suspeitas, por sua vez, ganharam novo fôlego a partir do dia 8 de maio de 2018, quando o Jornal O Globo publicou, em primeira mão, o teor de um depoimento feito à Polícia Civil que indicava, pela primeira vez, os suspeitos de serem mandantes e executores do crime. O delator, cuja identidade segue em sigilo, teria trabalhado como segurança do líder miliciano Orlando de Curicica, um ex-policial militar. De acordo com o jornal, ele teria afirmado em seu depoimentos que Orlando de Curicica e o vereador Marcello Siciliano (PHS) planejaram o assassinato de Marielle. Orlando de Curicica já estava preso quando Marielle Franco foi assassinada, tendo comandado o crime de dentro da prisão. Além disso, a testemunha teria afirmado que dois policiais