RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 109

de segurança pública, tomando decisões sem a necessidade de se reportar ao governador. Não é irrelevante destacar, assim, que uma das primeiras declarações do comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, tenha sido a seguinte: Os militares precisam ter garantia para não enfrentar daqui a 30 anos uma nova Comissão da Verdade pelo que vamos enfrentar no Rio durante a intervenção, que pode provocar a morte de inocentes" 5 . Assim, antecipando um quadro em que as Forças Armadas seriam responsáveis por distintas violações de direitos humanos, o militar vocalizou a pretensão de uma autoanistia para os perpetradores da violência de Estado – tal como a de 1979 -, mas desta vez prévia. O curso da intervenção demonstrou que as preocupações e denúncias da sociedade civil e dos movimentos sociais eram justificadas. Segundo o “contador da intervenção”, mantido pelo Observatório da Intervenção, até 30 de agosto de 2018 foram contabilizadas 916 autos de resistência (registrados como “homicídios decorrentes de intervenção policial”), em 440 operações, com 55 agentes de segurança mortos 6 . Por sua vez, o relatório parcial do Circuito Favelas por Direitos, coordenado pela Ouvidoria Geral da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, traz testemunhos alarmantes, que 5 6