RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 106

O caso Amarildo, que se tornou um símbolo dos crimes cometidos por policiais em geral, mas especialmente por aqueles lotados nas Unidades de Polícia Pacificadora, teve dois desdobramentos importantes para o debate público em torno da política de segurança vigente. O primeiro trouxe a discussão sobre a desmilitarização da polícia. O segundo dizia respeito às condições a que moradores das áreas pacificadas estavam submetidos no trato policial. A execução do pedreiro Amarildo tanto quanto a situação de quase acaso em que ele se tornou de conhecimento público colocaram em xeque o projeto de pacificação, revelando uma faceta oculta apenas aos que não moravam nas áreas ocupadas. O descrédito que se seguiu, catalisado pela emergência de sucessivos casos de abuso, agressão, extorsão e morte nas UPPs, sinalizava o seu declínio vindouro. Nos anos seguintes, a violência letal da polícia cresceu vertiginosamente nas áreas pacificadas, marcando o fim de uma curta era e escancarando o caráter de opressão armada que, desde seu início, parecia desenhado aos mais incrédulos. Epílogo Em abril de 2014 o vice-governador Luiz Fernando Pezão assume o estado do Rio de Janeiro após renúncia do então governador Sérgio Cabral. No mês que antecedeu sua entrada no governo, dados do Instituto de Segurança Pública mostravam um aumento de 23,6% dos homicídios no estado. Segundo o Instituto, os autos de resistência também registraram aumento. O percentual foi de 23,6%. No município de São Gonçalo, três anos após a morte da juíza Patrícia Acioli, os autos de resistência haviam aumentado 200%. Em 2014 as milícias controlavam 368 territórios.