RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 100
maneira ferrenha contra policiais matadores da região, que atuavam sob a forma de
milícias, grupos de extermínio ou fardados – mascarando seus assassinatos como autos
de resistência. Seu nome constava em uma lista de pessoas juradas de morte, encontrada
seis meses antes de sua execução com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, líder de
um dos grupos de milicianos que agia na região. Apesar disso, a juíza estava sem
escolta. O presidente do Tribunal de Justiça, à época, o desembargador Manoel Alberto
Rebêlo, foi a público, poucos dias após sua execução, declarar que a juíza se encontrava
sem escolta desde 2007 por solicitação da própria. Entretanto, documentos revelaram
que Patrícia havia perdido a escolta de três policiais com que contava, sendo reduzida a
apenas um, que não disporia de veículo para tanto e deveria proteger a juíza no seu
próprio automóvel. Em um ofício datado de julho do mesmo ano, em resposta à redução
de sua escolta, Patrícia Acioli se dirige ao juiz auxiliar do Tribunal de Justiça, Mario
Mazza, alegando não compreender o tratamento do egrégio tribunal ao seu caso. De
acordo com o documento:
Embora esta magistrada não seja especialista em segurança, desconhece
como isto poderia significar segurança pessoal a qualquer pessoa que
supostamente precisasse dela. Entendo que a questão envolvendo a
minha vida é algo muito importante, não entendi o tratamento que foi
dado ao caso [O Globo, 18/08/11].
Patrícia foi assassinada a mando do tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira,
conhecido por sua “operacionalidade” no Batalhão de Operações Especiais, o BOPE,
porém com um currículo mais extenso que a atividade de “caveira”. O tenente-coronel
Cláudio foi processado por abuso de autoridade por Patrícia Acioli quando esta ainda
era Defensora Pública e Cláudio apenas tenente. À época, o carro de Patrícia foi
misteriosamente incendiado. O tenente-coronel Cláudio Luiz também esteve no 9º
BPM, quando da Chacina de Vigário Geral. Parte do batalhão era formado pelo grupo
de extermínio conhecido como Cavalos Corredores, responsável pela chacina. O
tenente-coronel Cláudio também foi preso em 2006, por conta da Operação Gladiador,
acusado de corrupção passiva e de integrar um bando de matadores do bicheiro
Fernando Ignacio. O tenente-coronel Cláudio foi condenado a sete anos de prisão, mas
recorreu e a ele foi concedido o direito de aguardar em liberdade um processo que, à
época do assassinato da juíza, já estava há cinco anos parado no Tribunal Regional
Federal da 2ª região. O tenente-coronel Cláudio Luiz foi denunciado pelo Ministério