Rede em Revista - Teste Edição Novembro 2018 | Page 18

e no doutorado. Tal percurso acadêmico tem formado docentes e pesquisadores, com especialidade em português brasileiro, que já atuam em escolas e universidades da Finlândia e no exterior. Os seminários sobre português brasileiro, na Universidade de Helsinque, são ministrados até hoje pelas professoras do CCBF. Após o primeiro ano de parceria, notou-se a necessidade de realizar eventos que possibilitassem um maior aprofundamento em temáticas fundamentais para o futuro professor, no âmbito do ensino do português. Foi organizado, portanto, o primeiro seminário sobre a Pluralidade da Língua Portuguesa. O evento, mais conhecido como Pluralidades, reuniu, em sua primeira edição, duas palestrantes portuguesas – Liisa Abreu, da Universidade de Helsinque, e Sofia Palma, do Instituto Camões – e duas palestrantes brasileiras: Bianca Benini e Patricia Carvalho Ribeiro, professoras do CCBF. Dado o sucesso desta iniciativa, e com o objetivo de fortalecer o conteúdo programático em português brasileiro na Universidade de Helsinque, as edições seguintes do evento Pluralidades concentraram-se no estudo da diversidade linguística e cultural do Brasil. Para tanto, foram convidados palestrantes internacionalmente renomados, a saber, os professores Marcos Bagno (em 2014) e Lúcia Barbosa, no ano de 2015, ambos da Universidade de Brasília (UnB). Ainda em 2015, foi realizado, igualmente na Universidade de Helsinque, o evento Sala de Aula em Foco. Na ocasião, professores de português que atuam em escolas e cursos de idiomas na Finlândia expuseram suas experiências e técnicas de ensino do português como língua estrangeira.

O reconhecimento da filologia portuguesa enquanto especialidade, no contexto da formação de professores e pesquisadores na Universidade de Helsinque, exerceu influência no percurso acadêmico da pesquisadora finlandesa Iiris Rennicke, PhD. Sua tese de doutorado, intitulada Variação e Mudança nos Róticos do Português Brasileiro, que versa sobre as sonoridades da letra “R” no Brasil, foi a primeira tese publicada após a oficialização da especialidade em português.

A pesquisa foi realizada parcialmente no Brasil, sob a co-orientação da professora Thaïs Cristófaro Silva, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Esse período de pesquisa na UFMG rendeu à pesquisadora a dupla titulação, ou seja, seu grau de doutora foi concedido por ambas as instituições.

“Na prática, eu já desenvolvia minha tese de doutorado tendo como especialidade o português brasileiro, apesar do fato de que os estudos em português ainda eram oferecidos de maneira complementar, pela Universidade de Helsinque, quando iniciei minha pesquisa”, afirma Rennicke. Ela conta, ainda, que a oficialização da especialidade em português facilitou os trâmites para a sua atuação como pesquisadora visitante na UFMG. “Se [o português] não fosse uma especialidade oficial, eu teria dificuldades em explicar o porquê de ter escolhido me especializar em língua portuguesa em um contexto onde esse era apenas um percurso complementar”, conta. Segundo Rennicke, esta oficialização facilita a situação dos novos estudantes de filologia, da Universidade de Helsinque, que desejam realizar intercâmbio ou cooperar com universidades brasileiras no decorrer de suas pesquisas, tanto no bacharelado quanto durante o mestrado ou doutorado.

18