mestre dégo:
“Ninguém aprende
com ninguém
a fazer saveiro”
de barcos de 10, 12 e 14 metros de
comprimento.
O problema é que, em uma
relação praticamente metafísica, só
eles conseguem decifrar o pedaço
de tábua, também cheio de vida e
ancestralidade. A sabedoria de usar
o graminho de saveiro continua um
mistério. “Eu pergunto: ‘como você
fez isso?’ Eles respondem: ‘não sei,
só sei que é assim’”, conta Bocca,
reproduzindo o diálogo com os
empíricos especialistas.
Um desses mestres é Fidélis da
Conceição, de 83 anos, o Dégo. Ele
mantém uma relação de amizade –
quase fraternal – com os saveiros
desde os anos 60, quando abriu um
estaleiro em Maragojipe.
“Ninguém aprende com ninguém a fazer saveiro. Comecei com
outro mestre, mas ele não me ensinou nada. Aprendi metendo a mão”,
garante ele, herói ao sustentar 13
filhos com seu trabalho. Comandou
a restauração do Sombra da Lua e se
lembra dos áureos tempos. “Naquela
época todo mundo dependia do saveiro”, lembra, melancólico.
Conhecer a arte de navegar é
outro mistério. Poucos saveiristas
sabem manipular as velas rústicas e
manter o barco aprumado. “É com
o tempo. Tem que conversar com o
bicho e seguir em frente”, ensina o
mestre Antônio Jorge, que assumiu
o Sombra devido a um problema de
saúde do experiente Bartô.
Pedro Bocca, também conhecedor
do mar, admira a destreza dos amigos. “Eu navego h :