PODERES EM REVISTA 4ª edição | Page 82

debate i minérios iStockphoto extração de minério: China responde por 95% da produção de Terras Raras A corrida em busca dos elementos da moda tem uma justificativa que vai além do possível lucro em negociações com as indústrias de alta tecnologia. Produzir Terras Raras significa diminuir o poder da China. O país asiático, atualmente responsável por 95% da produção mundial desses minerais, começou a estabelecer restrições à exportação das matérias-primas para forçar que as indústrias de tecnologia migrassem para lá. Os Estados Unidos, que, até a década de 1990, eram autossuficientes na produção de Terras Raras e seu exportador número um, não investiram na produção. Atualmente, têm que importar os minerais. Em março deste ano, junto com a União Europeia e o Japão, os americanos le82 I Poderes em Revista varam o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC), denunciando a China pela restrição das exportações – briga de cachorro grande com vencedor ainda desconhecido. Apesar do nome, os Terras Raras são comuns na natureza, mas é preciso investimento em tecnologia para serem extraídos e processados. Até porque, neste caminho, terminam sobrando elementos radioativos – que, sabemos todos, não podem simplesmente ser jogados por aí. “O processo de extração deste tipo de mineral é difícil. Aqui no Brasil extraíamos Terras Raras, principalmente no Espírito Santo, mas ficamos pra trás. Existem áreas sendo pesquisadas, só que ainda não temos a tecnologia necessária para uma boa produção”, afirma Marcelo Tunes. Não-renováveis Entre pesquisas nos terrenos, estudos de viabilidade econômica, licenciamento ambiental e a extração propriamente dita, um projeto de mineração não leva menos que sete anos. Demora, mas nunca para, e o aumento da população global – junto com a busca por bens de consumo – faz crer que a atividade de mineração só tende a crescer. Vale então perguntar: os minerais vão acabar? Para o professor Aroldo Misi, coordenador do Centro de Pesquisa em Geofísica e Geologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), afirmar que os minerais são recursos não-renováveis é um erro. “É claro que a quantidade diminui e aumentam as dificuldades, mas não chegaremos à ausência de minerais”, argumenta ele, que já presidiu a Sociedade Brasileira de Geologia (SBGEO). “Os bens são finitos para o nosso tempo e nossos meios de produção, mas os minerais são renováveis naturalmente, porque os processos geológicos da Terra não param”, emenda. Na opinião do pesquisador, o que se precisa é investir cada vez mais em tecnologia para que a produção mineral cause o menor impacto possível no meio ambiente. “Não podemos radicalizar e simplesmente parar a exploração, porque a procura por minerais só cresce. Os impactos ambientais em área de mineração têm diminuído, as áreas de lavra hoje são totalmente reconstruídas. O caminho é esse”, destaca Misi. Para Marcelo Tunes, a mentalidade das empresas em relação ao cuidado com o ambiente no entorno das minas vem mudando. “Há cerca de 20 anos, realmente não havia grande preocupação, a preservação