PODERES EM REVISTA 4ª edição | Page 68

vida mais saudável gabriela rossi Atenção à saúde no Judiciário Gláucio Dettmar / Agência CNJ Quais são os principais fatores de risco para as atividades dos magistrados e servidores da Justiça, e como preveni-los? Pela primeira vez na história do Judiciário, este questionamento será alvo de um protocolo destinado a auxiliar os tribunais na identificação dos principais problemas de saúde física e mental e na implementação de medidas de prevenção e incentivo ao tratamento. A elaboração do documento foi anunciada pelo Conselh o Nacional de Justiça (CNJ), no dia 16 de abril último. Conforme divulgado pelo Conselho, a ideia surgiu diante dos crescentes índices de licenças e afastamentos causados por doenças decorrentes do trabalho no Poder Judiciário. peluso: preocupação com a saúde física e mental nos tribunais Foi instituído pelo presidente do CNJ, ministro Cezar Peluso, através da Portaria 124, um grupo de trabalho que vai elaborar estudos e apresentar propostas focadas na promoção da saúde no Judiciário. O grupo é integrado pelos juízes auxiliares da Presidência do CNJ Antonio Carlos Alves Braga Júnior e Marcelo Berthe, pelo desembargador auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça Sílvio Marques, pela desembargadora federal do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT 5) Dalila Nascimento Andrade, pelo juiz do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) Roberto Portugal Bacellar, e pela juíza aposentada Vera Regina Müller, representante da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris). O primeiro passo do Conselho foi promover uma consulta pública, em dezembro do ano passado, para recebimento de sugestões voltadas à prevenção de riscos, 68 I Poderes em Revista ao estímulo à vida saudável e à qualidade de vida junto aos que atuam na Justiça. Os dados preliminares da consulta pública indicam que as principais reclamações de magistrados e servidores estão ligadas às condições do ambiente de trabalho, como os equipamentos e a ergonomia. Os funcionários da Justiça reclamam, ainda, do desgaste causado pela falta de reconhecimento em relação às tarefas desempenhadas. A iniciativa seguinte foi acionar os tribunais nos diversos estados para o fornecimento de informações relativas aos indicadores de saúde do corpo de magistrados e de funcionários e aos programas e ações em andamento nesta área. As informações colhidas subsidiarão a formatação do protocolo. Trata-se de um documento que vai referenciar as condutas preventivas e a abordagem de doenças físicas e psíquicas, tais como depressão, estresse, hipertensão, dores crônicas e osteomusculares, entre outras. Avaliar a diversidade de desafios e a viabilidade das propostas é a estratégia adotada. De acordo com o juiz auxiliar da Presidência do CNJ e integrante do grupo de trabalho, Antonio Carlos Alves Braga Júnior, “o CNJ não quer impor nenhuma fórmula, nem tem a pretensão de limitar as ações a um modelo que sirva para todos. Um programa só não conseguiria contemplar todas as variáveis que têm impacto na saúde e qualidade de vida”. A adoção de um instrumento norteador da promoção da saúde no âmbito do Judiciário reflete-se não só na qualidade de vida das pessoas, mas, na produtividade. “É indispensável ter planejamento, parâmetros criteriosos e motivação para sensibilizar os colaboradores quanto à importância de uma vida mais saudável. Mudança de hábitos pessoais e melhoria das condições de trabalho são medidas que impactam de maneira muito positiva no bem-estar das pessoas”, constata a psicóloga Rosane Oliveira. Gabriela Rossi é jornalista e atua em assessoria e consultoria em comunicação na área de saúde