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ITO. Passar horas em frente
ao computador provavelmente vai trazer mais problemas à
sua vida social – e às suas articulações, se
você não cuidar da ergonomia – do que
à sua vista. O máximo que pode acontecer com seus olhos, se você exagerar
no tempo diante de um monitor, é um
cansaço visual momentâneo, provocado
principalmente por dois fatores: o esforço constante de acomodação e a falta de
lubrificação.
Sabe quando você aperta o disparador da câmera fotográfica até a metade?
Ali ela faz o foco, certo? Ou seja, calcula
a distância do objeto que você quer registrar e realiza os ajustes mecânicos necessários de modo que a imagem apareça
nítida. No olho humano, o responsável
por essa operação, que os oftalmologistas
chamam de ‘acomodação’, é o cristalino.
Lente posicionada entre a córnea e a retina, o cristalino trabalha sem descanso
e numa velocidade muitíssimo superior
à de qualquer máquina fotográfica – já
imaginou, a cada movimento do olho,
ter de esperar aquele tempinho que as
câmeras demoram para conseguir enxergar com foco? Pois é. Embora a gente
não perceba, o cristalino trabalha duro, o
tempo todo. No caso de um monitor, a
exigência é ainda maior, já que é preciso
focalizar, constantemente, detalhes relativamente pequenos (letras, símbolos,
imagens). O pobre do cristalino, então,
passa recibo. E diretamente para a sua
cabeça, que começa a doer.
Outro alarme certo de que está na
hora de você levantar um pouco da cadeira e dar uma volta é a ardência no olho.
“Quando ficamos muito tempo com a
atenção fixada no monitor, às vezes esquecemos até de piscar. Esse ressecamento na superfície do olho é que provoca
a ardência ou até mesmo sensação de
sujeira”, explica o oftalmologista Herbem
Maia, da Fundação José Silveira, em
Salvador. “É preciso, de vez em quando,
sair da frente da tela dois ou três minutos
para descansar a acomodação e também
lubrificar o olho”, completa.
Vale lembrar que esse cansaço visual
é diferente do que se chama ‘vista cansada’, a presbiopia, que normalmente
aparece, como explica Maia, em indivíduos de meia-idade. “É comum que,
depois dos 40 anos de idade, o cristalino
comece a perder a capacidade de acomodação”. Mas isso não tem nada a ver
com computador.
Poderes em Revista I 67