ponto de vista
José CARLOS GOMES
A vida é bela... 2
A
ingredientes para o preparo das suas receitas e, acima de
tudo, têm muito prazer em transformá-los em algo especial para os sentidos, seu e dos outros. Outros que, como
eu, tiram todo seu prazer da degustação, que começa pela
boa sensação de uma mesa bem apresentada, talheres
e copos adequados, pratos bem finalizados, suficiente
tempo para apreciar cada detalhe do enredo. E, importantíssimo, boa(s) companhia(s) – porque, só, melhor um
cheeseburger light no Mac e no carro, escutando música.
Além do calor humano, há, obviamente, o acompa-nhamento da bebida. É claro que um bom e “velho”
vinho é quase unanimidade entre os apreciadores da boa
mesa, e, apesar de lhes dar absoluta razão, não podemos
menosprezar aqueles que elegem a cervejinha gelada,
ou a Coca com gelo, as deusas mais que perfeitas para
levar-lhes ao Olimpo. Na verdade, o prazer é subjetivo,
sensitivo, mutável e predominantemente profano, eis porque pode ser tão pessoal e constantemente aprimorado.
arquivo pessoal
lgum tempo atrás, escrevi um artigo chamado “A
vida é bela...”, cuja ideia principal vou reproduzir
novamente aqui, criando para esse seletíssimo
grupo que me lê um probleminha jurídico novo: o plágio
de mim mesmo. É que gosto tanto do assunto e de lembranças que ele me traz, que dividi-las com um novo universo não pode ser crime, além do que, já estaria prescrito...
O tema era sobre prazeres da vida, e como, à época,
eu era dono do Trapiche Adelaide, restaurante de Salvador
algumas vezes eleito o melhor da cidade, me acharam
credenciado para falar sobre a cozinha chamada “fusion”–
modismo temporal – e os grandes chefs, etc... Só que, ao
invés de ir por esse caminho, as sensações de prazer que
me vinham na cabeça me puxavam para um outro lado.
E fui pensando num bife a cavalo com batatas fritas,
bife à milanesa com purê de batatas e creme de espinafre,
carne assada no molho ferrugem com macarronada, uma
rabada com agrião e polenta, uma dobradinha com feijão
branco e linguiça e, especialmente, um gostoso cozido ou
costeletinhas de porco com farofa, arroz e feijão – que
cardápio delicioso! E esse era o “menu” de qualquer família
de classe média na época em que saudável era comer de
tudo, e foi como passei muito bem toda minha infância
e adolescência. Minha mãe fazia maravilhosamente bem
esses e muitos outros pratos, e, como amava ser elogiada
por seus temperos e 2&