A maior parte do público do show que a Poderes
em Revista acompanhou era formada pelos colegas de
Procuradoria, que dão sugestões, criticam e apoiam os
procuradores-músicos. “Todo mundo tem um sonho na
vida. As pessoas se emocionam quando veem, torcem,
compartilham dessa alegria”, explica Miguel Filho.
Não tem como a plateia, mesmo quase surda por
buzinas da megalópole, ficar impassível. “Acredito que
a fórmula do sucesso de nossa banda está na utopia que
ela representa. É uma fábrica de amizade, de sonhos e de
esperança por um mundo melhor, sempre deixando uma
porta ou uma janela aberta para quem quiser entrar”,
diz Marcelo.
Ao todo, a banda fez cerca de dez shows oficiais, mas
toca religiosamente toda terça-feira no estúdio AD Road,
do baixista Daniel. São mais de 40 músicas no repertório.
“Você economiza com psicólogo, canaliza boa energia, e
isso reflete no seu trabalho”, explica o band leader, Miguel
Filho, que tem 18 guitarras, algumas de colecionador,
versões assinadas pelas lendas que admira.
Entre elas, uma da linha Lucille, inspirada em uma
guitarra que B.B. King salvou de um incêndio, está
avaliada em mais de R$ 15 mil. “Eu sou fanático. Toda
noite, ouço muito”, revela.
Como todo bom caminho que se preza tem uma
curva, ele afirma, aos risos, que o grupo não tem uma
agenda fixa. A rotina diária na Procuradoria e o trabalho
desgastante de músicos na noite pesam na decisão. “É
puxado. Até desmontarmos tudo são necessárias pelo
menos duas horas. Temos que acordar cedo no outro
dia”, justifica Miguel Filho.
Ele, no entanto, diz que o poder do blues está disponível para qualquer ocasião. “É só chamar. Podemos
tocar em aniversário, velório, batizado, confraternização
de fim de ano”.
Bom humor, boa música e ao final da apresentação,
já quase uma da manhã, indo para casa, não existem mais
aborrecimentos, trânsito, cansaço. Que graça teria a vida
se ela fosse uma linha reta? Ou se no fim dia não tivesse
uma nota de blues?
Poderes em Revista I 41