PODERES EM REVISTA 4ª edição | Page 41

A maior parte do público do show que a Poderes em Revista acompanhou era formada pelos colegas de Procuradoria, que dão sugestões, criticam e apoiam os procuradores-músicos. “Todo mundo tem um sonho na vida. As pessoas se emocionam quando veem, torcem, compartilham dessa alegria”, explica Miguel Filho. Não tem como a plateia, mesmo quase surda por buzinas da megalópole, ficar impassível. “Acredito que a fórmula do sucesso de nossa banda está na utopia que ela representa. É uma fábrica de amizade, de sonhos e de esperança por um mundo melhor, sempre deixando uma porta ou uma janela aberta para quem quiser entrar”, diz Marcelo. Ao todo, a banda fez cerca de dez shows oficiais, mas toca religiosamente toda terça-feira no estúdio AD Road, do baixista Daniel. São mais de 40 músicas no repertório. “Você economiza com psicólogo, canaliza boa energia, e isso reflete no seu trabalho”, explica o band leader, Miguel Filho, que tem 18 guitarras, algumas de colecionador, versões assinadas pelas lendas que admira. Entre elas, uma da linha Lucille, inspirada em uma guitarra que B.B. King salvou de um incêndio, está avaliada em mais de R$ 15 mil. “Eu sou fanático. Toda noite, ouço muito”, revela. Como todo bom caminho que se preza tem uma curva, ele afirma, aos risos, que o grupo não tem uma agenda fixa. A rotina diária na Procuradoria e o trabalho desgastante de músicos na noite pesam na decisão. “É puxado. Até desmontarmos tudo são necessárias pelo menos duas horas. Temos que acordar cedo no outro dia”, justifica Miguel Filho. Ele, no entanto, diz que o poder do blues está disponível para qualquer ocasião. “É só chamar. Podemos tocar em aniversário, velório, batizado, confraternização de fim de ano”. Bom humor, boa música e ao final da apresentação, já quase uma da manhã, indo para casa, não existem mais aborrecimentos, trânsito, cansaço. Que graça teria a vida se ela fosse uma linha reta? Ou se no fim dia não tivesse uma nota de blues? Poderes em Revista I 41