PODERES EM REVISTA 4ª edição | Page 33

Mas era pouco. A desembargadora ainda pensava em outra atividade e aproveitou a onda tecnológica para, primeiro, manter os arquivos de infância. Na época, o Tribunal promovia um curso de digitação para o início do uso da informática nos gabinetes. “Eu estava treinando quando tive a ideia de colocar as receitas no computador”. E as ideias foram sucedendo. No meio do caminho, pensou alto: “gente, eu posso fazer um livro”, relembra. “É que eu também vinha notando que havia um preconceito das próprias mulheres contra a cozinha. Muitos achavam que era uma atividade menor, que intelectual não pode, não cozinha, e diziam não gostar. E isso não estava certo”, afirma, firme. “ “ lembranças: livro começou a ser produzido na infância Sou uma profissional bem-sucedida, desembargadora federal, professora universitária e gosto da cozinha Usou da posição de destaque na magistratura para formar opinião. E conta o que bolou. “Eu vou dizer o seguinte: sou uma profissional bem-sucedida, desembargadora federal, professora universitária e gosto da cozinha. E cozinho! A prova é que estou oferecendo um livro”. Resolveu editar apenas as tais receitas simples. Pediu ao pessoal da informática para formatar os textos – afinal, ainda não era uma craque do computador –, foi a uma gráfica no Núcleo Bandeirantes e, pronto. Nascia a primeira edição, fininha, com o nome de “Receitas da Mulher Moderna”. Antes, houve o anúncio de que a professora de Direito Civil e de Direito Processual Civil, procuradora da República, juíza e depois desembargadora federal, ministra do Superior Tribunal de Justiça, iria lançar mais uma obra. Expectativa geral. Mas o teor não foi exatamente o esperado. “Ahhh, foi uma pândega. Todos riram muito, acharam interessantíssimo. Vendi a R$ 3, um preço simbólico, apenas para cobrir os custos da gráfica”. O sucesso, enorme. A procura era grande até que surgiu uma nova possibilidade para um relançamento. “No chá de cozinha de minha irmã, sugeri dar como lembrança o livro. A família do noivo e a nossa família Poderes em Revista I 33