PODERES EM REVISTA 4ª edição | Page 32

A VIDA ALÉM DO DIREITO i culinária A foto é aérea. Em primeiro plano, exuberantes, o forte de Santo Antonio da Barra e o farol na entrada da baía. Atrás, o edifício Oceania. A imagem marca terreno na antessala da ministra Eliana Calmon, em Brasília. Uma semana depois, entramos no retrato. Estamos naquele mesmo prédio, nono andar, residência da corregedora-nacional de Justiça em Salvador. Na pauta, o sucesso do Resp – Receitas especiais, em sua nona edição. Não há castanha de caju tampouco pimenta malagueta. Nada de cozinha baiana, trabalhosa. As 300 receitas que compõem a publicação são de pratos simples, para os quais “se utilizam liquidificador e forno micro-ondas”, como ressalta a autora. Talvez o segredo do sucesso. Disponível no gabinete da ministra e na internet, pelo site de compras Mercado Livre, a publicação é uma das mais vendidas. De acordo com números da assessoria de Eliana Calmon, a mais recente edição já ultrapassa os cinco mil exemplares vendidos, um número considerável para o segmento. A história começa na infância. Ela lembra – já de avental e tudo – que, ainda criança, aos oito anos, acompanhava a mãe, Elisabete, em um famoso curso de culinária na capital baiana, o Kate White. Com um caderninho a tiracolo, fez as primeiras anotações. Para ficar mais divertido, ilustrava com figuras da revista O Cruzeiro. “Depois, o caderno sumiu. E só após a morte de minha mãe eu o encontrei”, conta. Lá estavam a mesma letra tremida, os mesmos recortes, os primeiros registros. Anos de pois, o passado iria se unir ao futuro. Eram tempos de Tribunal Regional Federal da 1ª Região, na capital federal. Novembro de 1994. A então primeira mulher a integrar a corte sugere ao amigo e conterrâneo presidente do Tribunal, Ermenito Dourado, a produção de algum evento que marcasse a passagem do Dia Internacional da Mulher, em março. “É importante que a gente festeje isso. Apesar de ser a única desembargadora, temos muitas servidoras”, relembra o papo com o colega. Pedido acolhido, convida a então deputada federal Marta Suplicy para uma palestra. Além de parlamentar, Marta era estrela de um programa da tevê. “Mas acabou não dando certo, e acabei convidando outra deputada, Sandra Starling, que havia participado da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da violência contra a mulher”, diz. “Meus colegas adoraram, porque ficaram sabendo de muita coisa ali”. 32 I Poderes em Revista