PODERES EM REVISTA 4ª edição | Page 114

perfil i marcos silva C erca de 20 anos atrás, o jovem estudante de Direito Marcos Luiz da Silva não previa que, em 2012, estaria presidindo uma das entidades mais respeitadas da Advocacia Pública do País, a Associação Nacional dos Advogados da União (ANAUNI). Sonhava, apenas, em abrir um modesto escritório de advocacia em Teresina (PI), e dedicar-se à atividade prestando serviços à comunidade local, na área do Direito Civil. Divulgação Anauni Não foi o que aconteceu. Das aspirações de infância, quando desejava ser um “ilustrador de revista em quadrinhos”, dada a sua paixão pelos gibis, optou pela área jurídica. Após colar grau de bacharel em Direito pela Universidade Federal do Piauí, em 1995, abriu o escritório. Mas, aprovado em vários concursos públicos, resolveu assumir o cargo de Analista Judiciário (Oficial de Justiça) na Justiça Federal do Piauí. Em 1999, foi aprovado no concurso para a Advocacia-Geral da União (AGU). “Havia apenas cerca de 30 advogados, e vimos que a AGU estava ainda por ser construída. Apaixonei-me pela atividade e abandonei a vida de concurseiro”. Paralelamente, lecionava em cursinhos preparatórios para concursos públicos em Teresina. Em 2003, foi admitido como professor do curso de Direito em faculdade particular local, e, no ano seguinte, após submeter-se a concurso público, foi aprovado para o cargo de professor efetivo da Universidade Estadual do Piauí, onde leciona. 114 I Poderes em Revista “A atividade docente é uma outra paixão. Orgulho-me de vários ex-alunos que hoje ocupam posições de destaque. E o mais importante: procuramos passar uma visão ética, assim como a ideia de que caberá a eles atuar para a solução de problemas relacionados à profissão jurídica e às instituições, especialmente no combate à corrupção”. Em 2003, foi nomeado, pelo Advogado-Geral da União Álvaro Augusto Ribeiro da Costa, como Procurador-Chefe da União Substituto no Estado do Piauí, o que o obrigou a adiar a ideia de cursar um mestrado, mesmo já pós-graduado em Direito Processual Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina. Em 2005, assumiu a Chefia da Procuradoria da União no Estado do Piauí, sendo o segundo Advogado da União de carreira no posto. “Foi importante, aprendi muito como Procurador-Chefe. E, como sempre defendi que esses cargos devem ser rotativos, ocupados de forma alternada, pedi exoneração em 2008 para dar vez a um novo colega”. No final de 2010, mais um desafio. Convidado para se candidatar à Presidência da ANAUNI, apresentou-se ao pleito. Foi eleito no início de 2011 para um período de dois anos. A associação, criada em 1996 pelos primeiros advogados aprovados em concurso, tem como principais bandeiras a defesa do concurso público e a profissionalização da AGU. Defende uma atuação independente da instituição, as prerrogativas dos associados e também fomenta a atividade acadêmica. Marcos Silva planeja concluir o mandato em fevereiro de 2013, deixando uma situação com todos mobilizados. Existe uma discussão acerca de uma nova Lei Complementar da AGU que, para ele, poderá ser um retrocesso se for desconsiderado o caráter institucional da AGU. Além disso, preocupa a invasão das consultorias jurídicas por pessoas de fora da carreira, dada a intervenção política na atividade técnica, de responsabilidade do Advogado da União. Aos 38 anos, Marcos lembra que a AGU sequer dispõe de um quadro de servidores