Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia | Page 50

- É mesmo? Agora você vai ver só, vou dar um jeito nisso! (Nesse momento comecei a bater palma para ver se alguém saia do prédio)

Na hora, ela surpresa com a minha atitude, disse:

- Não, não precisa, eu já estou resolvendo isso com o governo!

- Tudo bem então, se a senhora precisar é só me dizer que damos um jeito nisso ai!

- Eu vou resolver isso e essa gente vai ver só!

- Rosa, quer dizer Beth, como você faz para mudar de lugar quando chove?

Então ela me respondeu:

- Trabalhador é que não falta para me trocar de lugar quando eu quero! Então disse a ela, que poderia conseguir uma cadeira com rodas funcionando para ela mudar de lugar quando quisesse, nesse momento ela me chamou num tom desconfiado e agressivo, disse:

- Você tá mentindo, fala pra sua mãe colocar juízo na sua cabeça.

Eu em uma tentativa inútil tentei me explicar, mas logo ela me afastou de perto dela.

Agora eu precisava de uma cadeira de rodas, o quanto antes, para me aproximar e ganhar um voto de confiança dela, e quem sabe assim me aproximar, e conseguir fazer com que ela olhasse mais para saúde dela, pois como ela já tinha perdido uma perna, a outra estava indo para o mesmo caminho, o único pé que ela tinha estava com a aparência de morto. A princípio esse era meu objetivo!

Passei a solicitação adiante na instituição que eu trabalho, me disseram que iriam fazer o pedido, mas eu não poderia esperar, então resolvi pedir doações, até que em uma semana eu estava com uma cadeira semi nova, banco de couro resistente e o principal, as rodas estavam em perfeito estado!

No outro dia, na companhia de uma colega de trabalho, fui entregar a cadeira. No momento ela estava comendo uma maçã, parou e olhou para a cadeira que mostrava a ela, me pediu para tirar as rodas da cadeira “nova” e colocar na velha, respondi, que era impossível, porque as rodas não desmontavam, nesse momento uma mulher que passava na rua parou e olhou para o pé da Rosa, e disse “Coitada, minha nossa senhora!” Beth irritadíssima, não pensou duas vezes e jogou a maçã na direção da mulher que depois disso saiu reclamando, e logo Beth me mandou embora.

Passou algum tempo, até que voltei com um colega de trabalho para vê-la e quando me aproximei, diferente das outras vezes, ela surpreendentemente foi receptiva ao diálogo, qual passeávamos entre delírio e realidade que se confundiam ou misturavam-se com sutiliza, até que ela perguntou da cadeira, e dissemos que estava na kombi, perguntei se ela queria trocar, ela respondeu que sim e meu colega e eu corremos para buscar a cadeira e começamos a ajudá-la.

PATHOS / V. 01, n.01, 2015 49