Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia | Page 35

iMagazine / April, 2013 9

Esta via de mão dupla que se estabeleceu, proporcionou que a escola e o abrigo se apropriassem in loco das experiências e vivências uma da outra, possibilitando reflexão sobre o pré-conceito que existia entre ambas, proporcionando novas reconfigurações de seus sentidos subjetivos. E quando os adolescentes perceberam este movimento mútuo, consequentemente puderam também gerar novos sentidos e significações nas relações estabelecidas até então, com a escola, e mesmo com o abrigo.

Alicia Fernández, em seu livro A INTELIGÊNCIA APRISIONADA, diz que problemas de aprendizagem, na maioria das vezes estão associados ao problema de aprendizagem reativo, ou seja, o aprender do sujeito está comprometido devido ao choque entre o aluno e a escola, que pode estar funcionando de maneira expulsiva. Por isso, para que possamos intervir, devemos entender o contexto no qual o mesmo acontece. A criança ou adolescente que não aprende, na maioria dos casos não requer tratamento psicopedagógico, a questão deve estar voltada principalmente a sanear a instituição educativa.

Creio que naquela ocasião conseguimos construir juntos uma relação saudável, um bem-estar geral, trazendo equilíbrio nas relações interpessoais estabelecidas, tornando-as mais saudáveis, e consequentemente, com maiores possibilidades de se alcançar os objetivos pretendidos. Desta forma, acredito que cumprimos o que preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – em seu Artigo 3º: “A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”.

PATHOS / V. 01, n.01, 2015 34