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PATHOS / V. 09, n.02, 2019 56
Para a autora deste artigo o conceito “escuta clínica” compreende um momento onde a demanda do sujeito é acolhida; momento em que um desejo ou sofrimento torna-se manifesto. Este processo implica uma relação intersubjetiva: neste contexto de experiência o analista ou psicólogo situa-se como escuta do outro, acrescentando-lhe sua própria condição existencial; imbuído de seus valores e intelectualidade, sem dissociar-se de suas angústias e sofrimentos, ou seja, utiliza da sua humanidade na escuta do outro.
Eis que sua execução impõem sutilezas e complexidades recorrentes, ora advindas da bagagem e experimentações do seu executor, ora, do ambiente de execução. Esta forma de olhar a escuta clínica, leva-nos a reconhecer que as práticas clínicas vistas sob óticas diversas e de acordo com o campo epistemológico que as fundamentam resultam em uma diversidade de ações para sua execução.
Segundo Mannoni:
o psicanalista não dá razão nem a retira; sem emitir juízo, escuta”, entretanto “uma escuta no sentido pleno do termo, faz com que o discurso das pessoas se modifique, adquira um sentido novo aos seus ouvidos (Francoise Dolto, 1980, p.10).
...recusamo-nos a transformar um paciente, que se coloca em nossas mãos em busca de auxílio, em nossa propriedade privada, a decidir por ele o seu destino, a impor-lhes os nossos próprios ideais...a formá-lo a nossa própria imagem e verificar que é bom nisso. (Freud, 1924,p.178)