As experiências bem sucedidas relatadas a seguir estão dentro do contexto da bacia do Rio Negro, composta por uma rede de 90 associações indígenas congregadas em uma Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro criada em 1987, e formada por 23 povos diferentes, com quatro famílias linguísticas e mais de 700 comunidades. A conquista coletiva dos povos indígenas do Rio Negro foi a demarcação de cinco terras indígena de forma contínua nos anos de 1997/98 que representa mais de 11 milhões hectares de terra.
Saúde: Medicina Tradicional Baniwa
É sabido que a origem dos medicamentos industrializados vem de recursos naturais como plantas, animais e minerais, o que é extremamente abundante em nossas terras. Foi por isso que entre os anos de 1996 a 2000 trabalhamos em nossas comunidades um projeto de revalorização de conhecimentos e práticas medicinais indígenas Baniwa e Koripako, tendo como público alvo os agentes de saúde indígena. O trabalho contou com a parceria da Universidade Federal do Amazonas, Faculdade de Medicina, Núcleo de Estudo Pública e Projeto Rede Autônoma de Saúde Indígena.
Iniciamos a implementação do projeto em um encontro que denominamos de I Encontro de Medicina Tradicional Baniwa e Koripako, envolvendo os mais idosos da tradição como responsáveis para repassar os conhecimentos desta área para os mais jovens e, principalmente, aos agentes de saúde indígenas como pessoas de referência para as questões de saúde da comunidade no encontro entre medicina ocidental e tradicional. A visão, até então, era que os medicamentos alopáticos poderiam acabar de vez com conhecimentos tradicionais. Além dessa linha de trabalho, estabelecemos acordo com a universidade para trazer conhecimento aos Baniwas e Koripakos sobre as políticas e gestão de saúde pública, e com que mecanismos de participação as comunidades poderiam promover a implantação da saúde nos territórios. Abriu-se, também, linhas de pesquisa científica de mestrado e doutorado.
PATHOS / V. 09, n.02, 2019 23
Σ