Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 9º Volume | Page 22

A experiência Baniwa e Koripako, com base em sua organização formal, está amparada pelos direitos indígenas conquistados na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. É bom lembrar que nós, indígenas, deixamos de ser tutelados pelo Estado Brasileiro com a promulgação da Constituição, na qual está incluído o reconhecimento da organização social, costumes e tradições, além de garantir o direito originário, demarcação de terras indígenas, processo próprio de aprendizagem, expressão cultural, direito a memória e fortalecimento da identidade étnica.

Os direitos constitucionais indígenas são alicerces das políticas públicas e da gestão de política indigenista do Estado Brasileiro. Apresentam-se, também, como base para inciativas próprias indígenas em suas comunidades e em seus territórios, demarcados e homologados como patrimônio da União. É nesse contexto que narramos, aqui, a experiência de 25 anos do povo Baniwa em alternativas econômicas de geração de renda e em formas próprias de perceber e elaborar projetos singulares em educação escolar, fazer gestão sem deixar de fortalecer a identidade, a cultura e tradição indígena por meio da estratégia de interculturalidade na escola Baniwa, medicina Baniwa, Arte Baniwa (geração de renda), patrimônio cultural e na erradicação de analfabetismo nas comunidades.

Para essas conquistas, foi fundamental conhecermos e entendermos sobre nossos direitos para pensar e elaborar nossos próprios projetos, depois de tempos enquanto sujeitos tutelados. Assim, virou-se a página do massacre indígena que se arrastava desde os anos de 1500, passando para outro tempo, o de garantia de direitos. Por meio das lideranças constituídas, como diretores de nossas associações, foi possível tomar iniciativas para essa emancipação.

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PATHOS / V. 09, n.02, 2019 21

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