Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 9º Volume | Page 12

O nome desse projeto foi inspirado pela espiritualidade ancestral por volta de 2014, momento em que recebi um convite da diretora de uma vila cultural para que participasse de oficinas de cultura indígena desenvolvidas para crianças da rede pública e privada de educação do município de Londrina. A partir da escrita desse projeto nasceu oficialmente o Projeto Darueira. Nesses cinco anos de atuação, as demandas, iniciativas e o envolvimento de várias pessoas em prol das famílias indígenas em situação de vulnerabilidade, suscitou a criação de novas formas de articular o social, culminando em um grupo de trabalho social intitulado como Coletivo TUPI – Todos Unidos Pelos Indígenas. No sentido de caminhar para a conclusão deste relato, farei uma síntese sobre o Projeto Darueira e, na sequência, sobre o Coletivo TUPI.

Darueira em Tupi Guarani significa no caminho dos guardiões da sabedoria. Sabedoria para o índio (a) é viver guiado pelo próprio curso natural da vida, o qual chamamos Mãe Terra. É na Mãe Terra onde encontramos o que necessitamos para seguir na jornada da vida designada a todos os seres humanos, cada qual em seu tempo. Os espíritos ancestrais indígenas garantem a um guerreiro da grande jornada a força e sabedoria importante para observar, ouvir, falar, e agir quando necessário. Na prática, ser índio é ser alguém que cuida dos animais não deixando que lhes faltem os alimentos advindos da própria natureza, sejam eles selvagens ou domésticos, os animais devem ser olhados com grande respeito, pois na cultura indígena é com eles que aprendemos e desenvolvemos nossas habilidades para caça, luta e expressões artísticas. Faz parte da prática indígena preservar as florestas, mesmo que sejam pequenas matas, pois compreendemos que é dos benefícios oriundos das matas – árvores frutívoras, peixes, animais terrestres, aves, ar, solo, rios e nascentes – que sobrevivem os seres existentes no planeta.

FOTO: Cristina Cecyaçuapé , Diego Rodrigues , Cauê Taiguara.

PATHOS / V. 09, n.02, 2019 11

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