Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 9º Volume | Page 10

Meu nome é Cauê Taiguara Pataxó França Silva, sou índio descendente dos índios pataxó do sul da Bahia. Escritor desde os treze anos de idade, tenho um livro com lançamento agendado para Maio de 2019, intitulado “Uma Reflexão Sobre o Sol”. Também sou coordenador de projetos sociais, e artista plástico, com várias exposições de artes já realizadas. Sou da cidade, um índio urbano criado, alternadamente, ora por pai, ora por mãe, também avós e bisa avós. Esses últimos, com quem convivi até meus treze anos de idade, são as referências que tive para formação de meus costumes oriundos das tradições indígenas, passando-me esses conteúdos muito mais pelas rotinas do dia-a-dia e oralidade do que por rituais e expedições hierárquicas típicas das aldeias. Aprendi com a vida que, minha indiginalidade1 foi algo que se revelou naturalmente dentro de um processo de vida com os familiares, as andanças pelas diversas regiões do Brasil, a convivência com os costumes dos brancos da cidade e, logicamente, o convívio com os parente2 indígenas das aldeias.

Minhas experiências com trabalhos acerca das questões sociais antecedem minha própria compreensão do assunto, uma vez que, até onde minhas memórias alcançam, sou envolvido com atividades, grupos, e auxílios às pessoas em situação de dificuldades de todos os tipos. A aptidão para realizar trabalhos sociais, sem dúvidas, é em primeiro lugar, parte da minha jornada de vida nesse mundo e nessa existência e, em seguida, por conta da minha própria história de vida que sempre foi de muito sofrimento, passando por várias das dificuldades que uma pessoa em situação de vulnerabilidade social pode descrever; e, por fim, fruto também de uma vida guiada pela espiritualidade oriunda do Grande Espírito, e dos Espíritos Ancestrais Indígenas de Bondade3.

PATHOS / V. 09, n.02, 2019 09

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