Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 8º Volume | Page 47

Introdução

A gênese deste artigo tem como sede uma pesquisa iniciada no Mestrado1 (e em continuidade no Doutorado em Educação da Universidade de Brasília), a qual se propôs a discutir as interfaces entre o campo da Inclusão de pessoas com deficiência, especificamente aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA)2 e o atendimento educacional oferecido a elas (Neves, 2018). A partir desse estudo, percebeu-se que era preciso ter uma estratégia de pensamento que buscasse colocar em prática ações de educação intercultural, tomando por base teórica os estudos produzidos no campo da Modernidade/Colonialidade. Ao agir assim, apresentou-se no horizonte o objetivo de priorizar a reativação de saberes e práticas que compõem os universos socioambientais locais, no sentido de estabelecer um fluxo contínuo entre tal universo e os projetos escolares.

Essas reflexões promoveram a aproximação com as discussões relativas a decolonialidade e a interculturalidade, importantes referências para se proceder estudos no campo educacional que, no recorte deste artigo, destaca-se na formação dos profissionais nas Universidades.

No percurso escolhido, forjou-se nosso anseio por trazer essa temática em consonância com a discussão do diálogo dos saberes, da interculturalidade crítica, pedagogia decolonial, epistemologias do sul3 , entre outros. Haja vista que pretendemos discutir os fundamentos relacionados aos modelos explicativos que incluam os valores, o conhecimento e emancipação humana.

Entende-se colonialidade como um fenômeno atual que estabelece relação com uma história de exploração de uma nação sobre a outra (colonialismo), mas que se reatualiza de diversas formas, assim como apontado Maldonado-Torres:

(...) se relaciona à forma como o trabalho, o conhecimento, a autoridade e as relações intersubjetivas se articulam entre si através do mercado capitalista mundial e da idéia de raça (...) se mantém viva em textos didáticos, nos critérios para o bom trabalho acadêmico, na cultura, no sentido comum, na auto-imagem dos povos, nas aspirações dos sujeitos e em muitos outros aspectos de nossa experiência moderna. Neste sentido, respiramos a colonialidade na modernidade cotidianamente (2007, p. 131).

PATHOS / V. 08, n.01, 2019 46

Σ

Enfrentamento

Esperança

resistência

Amor

Felicidade

Acesso

Educação

Diversidade

Liberdade