Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 8º Volume | Page 32

Pois bem, em tempos de mudanças climáticas advindas da ação da humanidade sobre o planeta, é de se esperar que juntemos esforços para proteger o que restou da vida natural, que em linhas gerais é também garantir nossa existência no futuro. Mas o governo bolsonariano parece ignorar essa necessidade. Aparentando se inspirar no atual presidente dos Estados Unidos, o nosso Donald Trump latino-americano caga e anda para os apelos de cientistas e ambientalistas. A despeito de posicionamentos, das ameaças as terras indígenas e reservas ambientais, há tensões (e intenções) de integração do Ministério do Meio Ambiente ao da Agricultura, o que evidencia certa relativização do uso de agrotóxicos e dos crimes ambientais, por exemplo.

A questão é tão séria que o governo de Bolsonaro intenta deixar o glorioso Acordo de Paris3 e cancelou a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP25) que teria como sede o Brasil em 2019, alegando, além de questões orçamentárias, um movimento paranóico de um possível atentado a soberania nacional, como se esse evento tivesse como objetivo escuso o desmonte do Estado brasileiro4 .

Para além das questões ambientais, os parlamentares da bancada ruralista também protagonizam a redução de direitos trabalhistas e a relativização do trabalho análogo à escravidão sob a égide da geração de renda e empregos no campo. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, somente nos primeiros oito meses de 2018, cerca de 500 trabalhadores foram resgatados de condições análogas a de trabalho escravo5 , evidenciando como estamos aquém da implementação de uma sociedade mais justa e igualitária, em que o respeito à dignidade humana necessariamente sobressaia a qualquer desejo do capital.

Por fim, mas não menos importante, trataremos agora da bancada evangélica, grupo que reúne uma parcela significativa de políticos conservadores, especialmente no que tange questões morais. Os parlamentares que representam esse seguimento têm marcado presença substancial não apenas no início das articulações do atual governo, mas inclusive no processo eleitoral. Não são poucos os relatos de pessoas que ouviram de seus pastores a preferência do voto a Bolsonaro em meio aos cultos de algumas igrejas evangélicas. Não bastasse essa possível interferência, vemos Ministérios sendo cortejados por integrantes declarados da bancada evangélica, dando-nos a impressão de que o governo hoje paga a possível dívida contraída pelo apoio da igreja.

PATHOS / V. 08, n.01, 2019 31

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