Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 8º Volume | Page 30

De pronto, digo que este texto não tem a pretensão de fazer uma análise da atual conjuntura política brasileira, muito menos tecer lamúrias de quem pertence a uma grande parcela da população que saiu vencida nas últimas eleições. Limito-me a compartilhar algumas reflexões que me percorrem na esperança de encontrar eco naqueles que também não foram abduzidos pela cegueira coletiva promovida pela sedução bolsonariana. Trata-se, portanto, de preocupações com o possível desmonte de um Estado de direitos que ainda tampouco conseguimos efetivar.

Com frequência, observamos o novo governo em articulações que têm impactado os rumos do país, mesmo sem ainda assumir oficialmente a cadeira presidencial. Não se trata de um projeto de futuro, mas um plano de comando com ações orquestradas e há tempos planejadas. Trata-se de uma organização política para além de partidos, estabelecida com setores patronais e instituições religiosas. A ideia do balcão de negócios dos ministérios e demais cargos públicos de indicação presidencial, tão atacado pelo candidato de extrema direita, reatualizou-se em outra freguesia: o toma lá da cá ocorre hoje para além dos partidos, o palco agora está nas bancadas temáticas que habitam Brasília.

Iniciaremos nossa conversa pela cômica, se não fosse trágica, bancada da bala. Formada por um conjunto de parlamentares que, em pleno século XXI defendem o uso da barbárie como método de controle social. Dentre os desejos que emanam desse grupo, destacam-se a liberação do porte de armas e a redução da maioridade penal. Ambos os projetos se amparam na perpetuação do ódio como modelo de segurança pública, no radicalismo da atuação do Estado manifestado pelo uso da polícia e aparatos jurídicos que pretendem incidir com mais severidade contra os ditos marginais e legitimar ações de perseguição, tortura, encarceramento e assassinato.

PATHOS / V. 08, n.01, 2019 29

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