Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 8º Volume | Page 24

Falácias desumanas são propagadas, como por exemplo, de que as minorias cresceriam e roubariam os espaços públicos, que desejam privilégios e não direitos iguais, de que a ideologia de gênero transformaria e influenciaria crianças, de que o falso e perigoso poder representado por uma arma de fogo resolveria os problemas da criminalidade, de que o ambiente escolar ausente de sua potencialidade crítica e social diminuiria o risco do surgimento de novas pessoas de esquerda, que a solução seria entrar nas favelas e sair atirando, entre tantos outros equívocos absurdos... Parece que a lei do extermínio impera em tais pensamentos, bem como a guetificação e exclusão. Nesse hora, podemos recorrer ao que Bauman (2001) aponta ao fazer um paralelo entre o surgimento dos Guetos, o Crime e a Pobreza, vejamos:

A guetificação é paralela e complementar à criminalização da pobreza; há uma troca constante de população entre os guetos e as penitenciárias, um servindo como grande e crescente fonte para a outra. Guetos e prisões são dois tipos de estratégia de prender os indesejáveis ao chão, de confinamento e imobilização. (...) Prisões são guetos com muros, e os guetos são prisões sem muros. Diferem entre si principalmente no método pelo qual seus internos são mantidos no lugar e impedidos de fugir (Bauman, 2001, pp. 109 e 110).

Se pensarmos em grandes comunidades de sucesso, centros urbanos de referência, organizações locais, a premissa é o reconhecimento do outro e de suas dificuldades, a igualdade de oportunidades, o mapeamento dos gaps, das lacunas e principalmente o reconhecimento de suas potencialidades. Quando digo reconhecimento, estou referindo-me a um ser humano que se sente desejado no olhar do outro, aquele que é validado e entendido como parte daquele local, com papéis singulares subjetivos e sociais a desenvolver, como um cidadão possuidor de sua própria vida e de sua própria história.

Aqui, a dádiva muitas vezes é o direito de responsabilizar-se, de responder por si e pelo outro enquanto espírito de coletividade, independente da situação, seja ela prazerosa ou não, pois a vida é feita do bom e do mau e a tentativa de extermínio de um implicaria automaticamente na eliminação do outro.

PATHOS / V. 08, n.01, 2019 23

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