Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 8º Volume | Page 17

Psicanalistas lidam com o sofrimento humano e as formas de sofrer e manifestá-lo são produzidos por idiossincrasias singulares imersas em dinâmicas societais complexas. Isso quer dizer também que as dinâmicas macropolíticas produzem relações micropolíticas que, por sua vez, engendram sofrimento. As condições de pobreza, doença e discriminação geram sofrimento na população. Assim, não é fortuito reconhecermos que momentos de crise aumentam exponencialmente o número de suicídios. Freud mesmo dizia que não era possível separar uma psicologia social e outra individual. Afinal, condições que produzem instabilidade social engendram sofrimento na população.

A psicanálise encontra-se imiscuída nas questões que afetam a vida em sociedade e colhe seus efeitos no dia a dia da sua escuta. Psicanalistas também se encontram fora de consultórios, em setores como educação, saúde e assistência social, atentos aos discursos hegemônicos que fomentam processos de segregação social. Mais ainda, psicanalistas reconhecem que, sem uma democracia efetiva, não é possível haver “cura pela palavra”.

Após o Ato realizado em 2016, a plataforma dos “Psicanalistas pela Democracia” apresentou-se como aposta de continuidade deste ato – que reuniu, à época, uma série de psicanalistas dentro e fora do Brasil – de modo que se mantivesse acesa a iniciativa. A aposta diz respeito a alguns comuns que norteiam uma psicanálise como experiência clínica, ética, política. Sua orientação mínima é a da singularidade subjetiva, esta que valoriza as formas de desejo e gozo de cada um. A plataforma do PPD (como carinhosamente chamamos) é aberta a quem quiser publicar relatos e textos de diferentes formatos e estilos, às voltas com a temática da plataforma. Não se trata, portanto, de um grupo a mais.

PATHOS / V. 08, n.01, 2019 16

Σ

Enfrentamento

Esperança

resistência

Amor

Felicidade

Acesso

Educação

Diversidade

Liberdade