Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 8º Volume | Page 16

Em 2016, mais de 50 anos após o golpe militar no Brasil, tivemos o Ato: Psicanalistas pelo Apoio Incondicional à Democracia no Brasil, realizado no dia 7 de abril daquele ano – tempos antes do impeachment de Dilma Rousseff. O golpe parlamentar assentou-se na retórica legalista, calcada nas famigeradas acusações de pedaladas fiscais da presidenta e despontou o que seria o bojo discursivo do antipetismo. Aos gritos em forma de votos em favor do impedimento da presidenta eleita, a suposta família tradicional, os anseios de chumbo e a fé neopentecostal travestiram-se de democracia, circunscrevendo o cenário dos embates de nossos tempos. Após o derradeiro golpe, Dilma não foi sequer condenada pelas pedaladas fiscais.

Temer assumiu o poder e, mesmo sob uma forte rejeição da opinião pública, fez valer o rébus que lhe permitiu assumir o poder. Aprovou pautas impopulares que, francamente, caracterizam um tenebroso retrocesso das históricas conquistas de direitos sociais do país. Os memes são como chistes, então, é melhor não ousarmos explicar a sanguessuga. A conta da sangria fica a cargo daqueles que sempre a carregaram: aos trabalhadores, ainda mais precarizados, e a todos aqueles que insistem em não se adequar às benesses meritocráticas do másculo homem branco.

E é nesse cenário obscuro que psicanalistas – aqueles não devem recuar frente à subjetividade de sua época – encontram-se, a fim de chamar atenção para as formas de sofrimento subjetivo atravessado por questões socioculturais e políticas, assim como têm algo a dizer sobre a conjuntura onde se inscreve nosso mal-estar.

PATHOS / V. 08, n.01, 2019 15

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